Só 32,5% da população de Cuba tem acesso à internet. Havia, em março, pouco mais de 27 mil conexões domésticas. O plano de expansão da estatal Etecsa prevê apenas 52 mil, para uma população estimada em 11,5 milhões. A maior parte dos cubanos entra na rede nos 421 locais públicos onde o acesso é caro – e censurado. É ambígua a posição do sucessor de Raúl Castro, Miguel Díaz-Canel, a respeito do assunto. Ele já prometeu acesso barato a toda a população e defendeu, em 2013, um grupo de estudantes cujo blog, Lajovencuba, fora proibido pela Universidade de Matanzas. Numa reunião fechada, em fevereiro de 2017, contudo, afirmou que mandaria fechar sites anticastristas.
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O Observatório Aberto de Interferência na Rede (Ooni, na sigla em inglês) constatou, em agosto, o bloqueio de 41 sites, entre eles jornais independentes, o blog da jornalista Yoani Sánchez, o movimento Damas de Branco (grupo de mulheres de dissidentes), a Freedom House (que monitora a liberdade de imprensa) e os principais grupos de defesa dos direitos humanos. Das ferramentas de comunicação, apenas o Skype estava bloqueado. A fabricante chinesa de equipamentos Huawei fornece à estatal Etecsa a tecnologia de conexão à rede. “Não está claro até que ponto o equipamento chinês é usado para implementar a censura da internet”, diz o Ooni. Mas todos portais e softwares de acesso foram desenvolvidos por chineses, que deixaram rastros no código dos programas.
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Direitos humanos
A herança maldita do castrismo
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas deverá reavaliar em maio a situação cubana. De acordo com a Comissão Cubana para Reconciliação Nacional, a quantidade de detenções arbitrárias explodiu entre 2010 e 2016 – de 172 para 827 ao mês, em média. Em 2017, houve queda de quase 50%, entre janeiro e outubro. As mortes comprovadamente atribuídas ao castrismo chegaram a 7.539 em março, diz um levantamento do projeto Cuba Archive.
Risco
Ameaça ao Facebook está na Europa
A maior ameaça ao modelo de negócio do Facebook não está no Congresso americano, onde Mark Zuckerberg prestou quase dez horas de depoimento. Está na União Europeia, onde a Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR) entrará em vigor no mês que vem. Pelas novas regras, cidadãos podem obter todos os dados em poder das empresas digitais e até exigir que elas apaguem tudo. Violações à privacidade devem ser informadas em 72 horas. Como reação, o Facebook retirou da Irlanda a gestão de seus termos de serviço, para que o 1,5 bilhão de usuários não europeus não estejam cobertos pela GDPR.
Tecnologia
Google libera app
O Google liberou ao público o aplicativo Grasshopper, espécie de jogo que ensina a adultos os fundamentos básicos da programação. O jogador precisa digitar linhas corretas de código para acumular pontos e vai, aos poucos, aprendendo os rudimentos da linguagem Javascript, uma das mais usadas em páginas da internet.
Futuro
Em defesa do ideário liberal
A revista Economist lançou o projeto Open Future, em defesa do ideário liberal, ameaçado pelo populismo. Em debates, podcasts, vídeos e eventos, os temas serão: futuro do capitalismo, liberdade de expressão, diversidade, políticas identitárias, imigração e tecnologia.
Israel
Nova biografia irrita Netanyahu
A nova biografia de Bibi Netanyahu, escrita por Anshel Pfeffer, diz que a prioridade do premiê de Israel não é a paz com os palestinos, mas a ameaça do Irã. Também revela seu desdém pelos judeus da diáspora, em especial liberais e progressistas. Sem ser religioso, diz Pfeffer, ele transformou a narrativa bíblica de ortodoxos e colonos em sua principal plataforma política. Bibi não quis falar com Pfeffer. Parece que não leu, mas já detestou.