Oposição toma ruas da Venezuela contra Maduro e convoca greve geral

Após suspensão de referendo revogatório, multidão toma as ruas de Caracas e outras cidades do país para pedir a saída de Maduro; líderes da MUD também prometem nova marcha até a sede do Executivo venezuelano no dia 3

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Por Redação
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CARACAS -Centenas de milhares de manifestantes saíram às ruas de Caracas e das principais cidades da Venezuela, nesta quarta-feira, 25,para protestar contra a suspensão do referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro. Durante o ato, coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD)convocou uma paralisação geral para amanhã e prometeu uma nova marcha, desta vez até o Palácio de Miraflores, sede do Executivo, no dia 3. 

"Vamos notificar Maduro no dia 3 de que ele foi declarado pelo povo venezuelano em abandono de cargo. Faremos uma manifestação pacífica até Miraflores", disse o presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup. A notificação faz parte do processo de "julgamento político" de Maduro, aprovado no começo da semana. "Teremos de suportar as emboscadas do governo. É possível que cerquem o local com grupos violentos e agentes da repressão."

Manifestantes tomam avenida de Caracas em protesto contra Maduro Foto: REUTERS/Christian Veron

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Outro líder opositor, o ex-candidato à presidência Henrique Capriles, exigiu que Maduro obrigue o CNE a retomar o processo do revogatório. "Aviso ao covarde que está em Miraflores que em 3 de novembros todo o povo venezuelano irá para lá", afirmou. Lilian Tintori, mulher do líder opositor Leopoldo López, preso desde 2014,também discursou. "Temos de destituir esse ditador", falou. 

Chamada de "tomada da Venezuela",a manifestação teve confronto com a polícia em ao menos duas cidades: Mérida e Cumaná. Em Caracas, a Polícia Nacional Bolivariana (PNB) tentou vetar parcialmente o acesso à avenida onde se concentram os manifestantes. Líderes da oposição, como o ex-candidato presidencial Henrique Capriles e o presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, prometeram ir ao Palácio de Miraflores, sede do executivo, no dia 3 para pressionar Maduro a aceitar o referendo. "Nos roubaram o direito de votar", disse Capriles. "Se não pudermos votar, passamos a outra etapa."

Vestidos de branco e com bonés nas cores da bandeira venezuelana, os manifestantes saíram de sete pontos da capital venezuelana com direção à Avenida Francisco Fajardo, a principal via expressa da cidade, que liga oeste da capital ao leste. Em alguns desses pontos, a PNB ergueu barreiras para impedir a passagem dos manifestantes. 

No oeste da cidade, perto do Palácio de Miraflores, chavistas se reuniram para prestar apoio a Maduro, que convocou para esta tarde uma reunião do Conselho de Defesa do país, formado pela Justiça Eleitoral, Ministério Público, do Poder Judicial e Legislativo.

Maduro avaliou o que chamou de "golpe parlamentar" da oposição. "Lamentavelmente a Assembleia Nacional escolheu o caminho de desacatar a Constituição", disse Maduro. 

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Nas ruas, o clima era de revolta."Maduro tem que ir embora. Chega de passividade. Temos de pressionar", disse a engenheira Kleina Campos, de 41 anos."Estamos na rua e aqui ficaremos até que haja uma resposta desse governo", disse o publicitário Victor Jiménez, de 63.

O protesto foi marcado para o primeiro dos três dias nos quais ocorreriam as coletas de assinatura para a segunda fase do referendo revogatório, na qual a oposição deveria obter o apoio de 20% do eleitorado. A Justiça eleitoral, no entanto, acatando o pedido de tribunais regionais de Estados chavistas, suspendeu o referendo.  / AFP, AP e REUTERS

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