Ministro da Defesa brasileiro critica decisão de Trump sobre Acordo de Paris

Raul Jungmann classificou a saída dos EUA do pacto climático, anunciada na quinta-feira pelo presidente americano, de 'retrocesso'

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Por Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - Durante lançamento do livro verde da Defesa, que fala das ações sustentáveis das Forças Armadas em suas unidades em todo o País e nas operações realizadas pelos militares, o ministro da Defesa Raul Jungmann criticou a decisão do presidente americano, Donald Trump, de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima, classificando a atitude de "um retrocesso". 

Prédio da prefeitura de Paris iluminadapor luzes verdes após o anúncio de Donald Trump de tirar seu país do Acordo de Paris Foto: Nadine Achoui-Lesage/AP

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O ministro anunciou ainda que vai pedir ao presidente Michel Temer que assine um decreto criando "áreas militares especialmente protegidas". Para o ministro, esse decreto dará "respaldo jurídico" a ações de proteção do meio ambiente pelas Forças Armadas nestas áreas militares, "que sofrem muitas pressões" do setor imobiliário e das prefeituras, por exemplo, já que muitas delas estão dentro das grandes cidades.

Ao falar das pressões sofridas em relação às áreas de militares que são protegidas pelas Forças Armadas, o ministro Raul Jungmann explicou: "as cidades cresceram e envolveram aeroportos, áreas de treinamento militar e hoje você tem uma grande pressão porque estas áreas se tornaram extremamente valiosas e passíveis de serem negociadas em termos de mercado". Ao reiterar que as "maiores pressões" vêm das prefeituras e do setor imobiliário, o ministro avisou que não pretende ceder, continuando a proteger as áreas e ampliando a proteção. "A nossa posição é de defesa e manutenção destas áreas, não só por serem militares, mas também por representarem patrimônios ambientais", comentou Jungmann, ao lembrar que as áreas, antes, ficavam fora dos limites das grandes cidades.

"Estas pressões existem e estamos reforçando juridicamente a sua defesa", afirmou o ministro, ao citar como exemplo de áreas que sofrem pressões o Campo de Marte, explicando que está negociando com Prefeitura de São Paulo a sua manutenção. Outro exemplo é o Aeródromo de Campinas, na Serra de Campinas, além de campos de treinamento, como os do Rio de Janeiro, que hoje se encontram em áreas urbanas. "Queremos que estas áreas ambientais militares encontrem barreira maior depois da edição do decreto com essa nova categoria de proteção ambiental", observou.

"Sem medo de errar, digo que, individualmente, as instituições militares são as que mais preservam o meio ambiente", declarou o ministro. O livro verde "Defesa e Meio Ambiente" tem por objetivo divulgar as ações de proteção ambiental já adotadas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica. "Queremos comunicar à sociedade que protegemos o meio ambiente em áreas militares, mostrar por que protegemos e como protegemos", salientou ele, acrescentando que "esta proteção é um compromisso ético, moral com as gerações futuras".

De acordo com o ministro, o lançamento deste livro verde antecipa as comemorações do Dia do Meio Ambiente, na próxima segunda-feira. "É o reconhecimento de um trabalho já desenvolvido sem demonstrar à sociedade como é feito, que vai continuar e se ampliar. Agora, queremos mostrar o que e como fazemos", reiterou.

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