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Israel rejeita apelos para investigar mortes em Gaza

Governo israelense alega que pedidos são hipócritas e elogia ação dos soldados em confronto que deixou 15 palestinos mortos na sexta-feira

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Por Redação
Atualização:

JERUSALÉM - O ministro da Defesa de Israel rejeitou neste domingo, 1.º, os pedidos de uma investigação independente solicitada por ONU e União Europeia (UE) sobre a violência registrada durante um protesto na sexta-feira na Faixa de Gaza, no qual 15 palestinos morreram e cerca de 1,4 mil ficaram feridos.

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Israel enfrenta críticas de organizações de defesa dos direitos humanos pelo uso de armas de fogo na sexta-feira, o dia mais violento do conflito entre israelenses e palestinos desde a guerra de 2014 Foto: EFE/EPA/MOHAMMED SABER

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"Fizeram o que tinham de fazer. Acredito que nossas tropas merecem reconhecimento. E não haverá investigação", disse o ministro da Defesa do país, Avigdor Lieberman. "A maioria era terrorista", completou ele, garantindo que 10 dos 15 mortos eram membros do movimento islâmico Hamas, que governa Gaza.

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Lieberman considerou que o pedido de investigação é hipócrita e defendeu a atuação dos soldados, repetindo o discurso do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que alegou estar tomando “medidas firmes para defender a soberania do país”.

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Manifestação

Milhares de palestinos participaram da chamada Marcha do Retorno, a primeira de uma série de manifestações programadas para durar seis semanas. O protesto terminou em violência. A comunidade internacional e algumas ONGs condenaram o uso excessivo da força por parte dos soldados de Israel. 

O Exército israelense afirma que os manifestantes lançaram objetos incendiários contra as tropas e ultrapassaram o limite de 300 metros estabelecido na fronteira, uma área restrita. Por isso, os militares teriam respondido com munição real e gás lacrimogêneo.

Os palestinos, por outro lado, acusam os soldados de atirar contra manifestantes que não representavam nenhuma ameaça. O secretário-geral da ONU, António Guterres, e a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, defenderam uma investigação "independente e transparente" sobre os fatos. 

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No sábado, o governo americano bloqueou um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU que recomendava moderação e pedia uma investigação dos confrontos na fronteira de Israel com Gaza.

As ONGs Al-Mizan e Adalah pediram a Israel acesso à área depois de identificarem, na sexta-feira, dois corpos caídos a 150 metros da fronteira. Neste domingo, o comandante-geral, Yoav Mordejai, responsável pelo órgão militar que controla a região, identificou os mortos como Masab Salul, membro do braço armado do Hamas, e Mohamed Rabaya. O general afirmou que não devolverá os cadáveres até recuperar os restos mortais de israelenses que o Hamas mantém desde 2014.

Sucesso

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O dirigente do Hamas, Ismail Haniyeh, considerou que o protesto de sexta-feira foi um sucesso. De acordo com os organizadores, 40 mil pessoas participaram da manifestação. "A Marcha do Retorno é um grande ato e um dia de glória na história da Palestina e da luta popular e civilizada", disse Haniyeh. 

Pelo terceiro dia seguido, novos distúrbios foram registrados neste domingo na Faixa de Gaza. O caso mais grave é de um palestino que ficou ferido após levar um tiro na cabeça, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. 

Vestígios do último conflito

O último confronto aberto entre Israel e Hamas, em Gaza, ocorreu em julho de 2014. Três jovens israelenses haviam sido assassinados – crime atribuído ao Hamas. Em resposta, Israel prendeu militantes e fechou instituições palestinas. A tensão aumentou quando extremistas judeus assassinaram o palestino Mohamed Abu Khdeir. Radicais de Gaza lançaram vários foguetes contra o sul de Israel e o governo de Binyamin Netanyahu optou pela ação militar. Em sete semanas, morreram 2 mil palestinos. Do lado israelense foram 67 soldados e 6 civis mortos. / AFP, REUTERS e EFE

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