Moçambique volta atrás e suspende aumento do pão após tumultos

Governo anunciou novos subsídios para o pão e outros produtos.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O ministro do planejamento de Moçambique, Aiuba Cuereneia, anunciou nesta terça-feira que o preço do pão no país voltará ao que era antes de um reajuste que provocou violentos protestos no país na semana passada. Em comunicado, o ministro disse que o preço anterior do produto será mantido com a introdução de subsídios. Antes disso, o governo moçambicano tinha dito que a alta dos preços era "irreversível". O preço do pão havia subido para o equivalente a US$ 0,20 em um país onde o salário médio do trabalhador é US$ 37 ao mês. Agora, o pão voltará a custar US$ 0,14. Cuereneia também disse que o governo moçambicano deve restaurar os subsídios à água, cujo preço deve ser reduzido em 50%. Crise de abastecimento O súbito aumento nos preços de produtos básicos gerou três dias de protestos violentos na ex-colônia portuguesa do sudeste da África. Segundo dados do governo, 13 pessoas morreram durante as manifestações, e há centenas de feridos e de presos. Representantes do governo afirmaram recentemente que manter os preços de alimentos estáveis no país é difícil porque a maior parte dos produtos é importado. O ministro da indústria e comércio, Antonio Fernando, disse à BBC que a meta do governo é aumentar a produção de trigo no país, que atualmente produz somente 30% do que consome. Segundo analistas, a escalada dos preços foi, em parte, causada por um declínio de 33% do valor do metical, moeda moçambicana, em relação ao rand Sul-Africano. A África do Sul é uma das principais exportadores de produtos ao país. Soma-se a isso um aumento no preço do trigo por causa da seca e dos incêndios na Rússia, uma das principais produtoras do mundo. A situação no país levou o governo russo a proibir até 2011 a exportação do cereal. Cerca de 70% da população de Moçambique vive abaixo da linha de pobreza. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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