Morales quer rediscutir saída da Bolívia para o mar

Durante as comemorações do Dia do Mar, o presidente boliviano pediu que a OEA convoque uma reunião para discutir a reivindicação de uma saída marítima

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Por Agencia Estado
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O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta quinta-feira à Organização dos Estados Americanos(OEA) que convoque a uma reunião extraordinária e urgente para discutir a reivindicação boliviana de uma saída para o mar e disse acreditar que o Governo chileno atenderá ao pedido. Morales solicitou a reunião no seu discurso pelo Dia do Mar, em que a Bolívia presta homenagem aos mortos na Guerra do Pacífico (1879-1884), na qual perdeu para o Chile os seus territórios no litoral. "Pedimos à OEA uma reunião urgente, de emergência, extraordinária, com tema único: mar para a Bolívia", disse o governante socialista, diante de uma concentração popular na Praça dos Heróis, em La Paz. O presidente boliviano se dirigiu especificamente ao secretário-geral da entidade, o chileno José Miguel Insulza. Ele lembrou as afinidades do Movimento ao Socialismo, que comanda na Bolívia, com o Partido Socialista chileno, do qual Insulza foi militante. Morales afirmou que o ex-presidente chileno Salvador Allende, também socialista, era a favor de oferecer à Bolívia uma saída para o mar, e convidou Insulza para uma reunião em La Paz, "o mais rápido possível", para abordar a reivindicação da população boliviana. A última vez que a OEA se pronunciou sobre a reivindicação marítima boliviana foi em 1979. Na ocasião, a Assembléia Geral da organização, reunida em La Paz, fez um apelo ao Governo chileno para resolver o conflito. Desde então, a Bolívia perdeu as votações na Assembléia Geral da OEA, que fortaleceu a posição chilena de que não existe nenhum assunto pendente desde 1904, quando um tratado de paz e amizade entre os dois países encerrou a polêmica. O governante boliviano fez a solicitação após liderar uma caminhada com os restos mortais de Eduardo Avaroa, herói da Guerra do Pacífico, que recebeu uma homenagem nesta quinta-feira. Em seu discurso, Morales também pediu a intervenção das Nações Unidas e da comunidade internacional para resolver o "dano histórico" que, segundo disse, a Bolívia sofre por não ter acesso à costa do Pacífico. Apoio cubano O Governo cubano apoiará a reivindicação de um acesso ao mar feito pela Bolívia ao Chile. Cuba defenderá esta solicitação como presidente do Movimento de Países Não-Alinhados (Noal), posto que assume em setembro, afirmou o embaixador cubano em La Paz, Luis Felipe Vázquez. "Certamente que seremos solidários, como sempre fomos, à causa marítima boliviana, que é um direito do povo", declarou Vázquez. O diplomata cubano participou da homenagem a Eduardo Abaroa e disse que o Governo de Havana "se pronunciou a favor de uma saída para o mar para a Bolívia" em todos os fóruns internacionais. Durante a 14ª Cúpula do Noal, que acontece entre 11 e 16 de setembro e que reunirá representantes dos 114 países-membros, Cuba assumirá a Presidência da entidade por três anos, posto que ocupa pela segunda vez na história da organização. O embaixador também declarou que seu país ajuda a Bolívia com tudo o que pode e essa "foi uma política tradicional" de seu Governo desde o final da última ditadura militar boliviana em 1980.

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