O ex-editor executivo do Washington Post Ben Bradlee, supervisor da cobertura feita pelo jornal do escândalo de Watergate - que resultou na renúncia do presidente dos Estados Unidos Richard Nixon -, morreu na terça-feira aos 93 anos.
A morte de Bradlee de causas naturais em sua casa, em Washington, foi divulgada pelo Post, que relatou no mês passado que ele tinha começado a receber tratamento especializado, depois de sofrer do mal de Alzheimer havia vários anos.
"Bradlee contou histórias que precisavam ser contadas, histórias que nos ajudaram a entender nosso mundo e a nós um pouco melhor. Os padrões de honestidade, objetividade e meticulosidade que estabeleceu encorajaram muitos a entrar na profissão", afirmou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em comunicado após saber da morte do jornalista.
"Para ele o jornalismo era mais do que uma profissão, era um bem público imprescindível de nossa democracia", acrescentou Obama, que ano passado entregou a Bradlee a Medalha da Liberdade, a mais alta condecoração civil dos EUA.
Como editor executivo de 1968 até 1991, Bradlee tornou-se uma das figuras mais importantes em Washington, bem como parte da história do jornalismo, ao transformar o Post de um sisudo diário em uma das publicações mais dinâmicas e respeitados nos Estados Unidos.
O trabalho de Bradlee ao orientar os jovens repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein na investigação do arrombamento da sede do Partido Democrata, no complexo residencial e de escritórios de Watergate, os conduziu até Casa Branca, sob a presidência de Nixon, e tem sido celebrado nas escolas de jornalismo e em Hollywood.
O Post ganhou um Prêmio Pulitzer pela cobertura do escândalo Watergate, que levou Nixon a renunciar, sob a ameaça de impeachment em agosto de 1974.
Durante sua época à frente do Post, Bradlee dobro o tamanho da redação até chegar aos 600 trabalhadores e o orçamento dedicado à informação aumentou de US$ 3 milhões para US$ 60 milhões.
Com ele à frente do jornal, a tiragem passou de 446 mil exemplares a 802 mil e ganhou outros 22 prêmios "Pulitzer".
No filme Todos os Homens do Presidente (1976), com Robert Redford e Dustin Hoffman, que conta a história do escândalo de Watergate, Bradlee foi interpretado por Jason Robards, que ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel. / REUTERS E EFE