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MP argentino chama mãe de Nisman a depor por lavagem de dinheiro

Promotoria quer também que irmã e funcionário de promotor encontrado morto em janeiro expliquem conta nos EUA

Por Rodrigo Cavalheiro CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES
Atualização:

O Ministério Público Federal argentino convocou Sara Garfunkel a depor por suspeita de lavagem de dinheiro. Ela é mãe do promotor Alberto Nisman, encontrado morto com um tiro na cabeça em janeiro quatro dias após denunciar a presidente Cristina Kirchner por encobrimento de um atentado terrorista. O promotor Juan Pedro Zoni também pediu que sejam ouvidos a irmã, Sandra Nisman, e o técnico em informática Diego Lagomarsino, que trabalhava para o promotor e diz ter emprestado a ele a arma de onde saiu o disparo. Outro chamado é testemunhar é o empresário Claudio Picón, que emprestava a Nisman o carro de luxo que usava. 

Manifestante segura cartaz com a frase "Eu sou Nisman"; polícia apreendeu arma calibre 22 na casa da mãe do promotor argentino Foto: Natacha Pisarenko/AP

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O pedido, feito nesta quinta-feira, 27, deve ser formalizado pelo juiz Rodolfo Canicoba Corral, que já deu sinais de que a mãe, a irmã e o funcionário precisam explicar pelo menos uma conta da qual eram titulares ao lado de Nisman nos EUA. "Há uma conta de cerca de US$ 660 mil e poderia haver outros depósitos incompatíveis com a atividade do promotor ou de outra atividade. Não fecham por nenhum lado", disse o juiz esta semana à radio Del Plata, indicando que investigaria pessoas relacionadas ao promotor por suborno e lavagem de dinheiro .

Quem tornou pública em março a conta no banco Marryl Lynch em Nova York foi a ex-mulher de Nisman, Sandra Arroyo Salgado. Ela desconfiava que a relação entre Lagomarsino e Nisman não se limitava ao trabalho na equipe de investigação do atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), que matou 85 em 1994. Arroyo disse acreditar que a morte do marido tinha relação com dinheiro.

Investigação. A família de Nisman contratou alguns dos peritos mais conhecidos do país para avaliar as circunstâncias de sua morte. Com base em fotos do banheiro em que ele foi encontrado e em vídeos da autópsia, esse grupo independente concluiu que o promotor foi assassinado. Também afirmou que a hora da morte era pelo menos 12 horas anterior à determinada pelos peritos oficiais, que apontaram meio-dia do dia de 18 de janeiro. A versão dos peritos da família de Nisman colocou Lagomarsino, o último a visitá-lo, na noite anterior, próximo da hora de óbito. 

O especialista em informática afirmou que Nisman o obrigava a devolver metade do salário de 40 mil pesos (R$ 15 mil). O kirchnerismo aproveitou essa afirmação para levantar suspeitas sobre o caráter do promotor e colocar em dúvida a qualidade de sua denúncia. Nisman acusou a cúpula governista de encobrir iranianos considerados pela Justiça local culpados do atentado em troca de negociações comerciais entre os dois países. Sua acusação foi arquivada. 

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