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MP peruano liga ex-presidente Toledo a subornos da Odebrecht e pede prisão

Atual presidente, Pedro Pablo Kuckzinski, ex-ministro da Economia do acusado, com baixa popularidade, tenta se distanciar do caso

Atualização:

LIMA - A Procuradoria-Geral do Peru pediu nesta terça-feira à Justiça a prisão do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), acusado de receber propinas da Odebrecht durante a construção da rodovia transoceânica, que liga o Brasil à costa do Pacífico.

Caberá a um juiz decidir se determina a prisão de Toledo, que comandou o país após a queda do fujimorismo. O atual presidente, Pedro Pablo Kuckzinski, ex-ministro da Economia de Toledo, com baixa popularidade, tenta se distanciar do caso. “É uma traição ao povo peruano”, disse PPK - como o presidente é conhecido. “É muito triste.”

Toledo durante inauguração, em 2005, da Rodovia Interoceânica que liga o Brasil ao Pacífico Foto: REUTERS/Mariana Bazo

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Eleito no ano passado em uma disputa voto a voto com Keiko Fujimori, Kuczinski viu sua popularidade cair nos últimos meses em virtude do escândalo envolvendo a Odebrecht e os últimos três presidentes do país. A ex-primeira-dama Nadine Heredia, mulher de Ollanta Humala, também está envolvida em denúncias, assim como o ex-presidente Alan García, que hoje vive na Espanha.

A Procuradoria acredita que Toledo cometeu os crimes de fraude de licitações, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. “As acusações são bastante graves e se forem aceitas poderá haver um pedido de prisão internacional”, afirmou Sánchez. 

Toledo está na França e alega inocência. Ele é professor convidado na Universidade de Stanford, na Califórnia. No fim de semana, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão em sua residência em Lima. O ex-presidente não deixou claro se pretende voltar ao Peru. 

As investigações sobre a corrupção da Odebrecht no Peru têm como base a delação de Jorge Barata, executivo da empresa responsável pela transoceânica. Outras irregularidades da empresa foram identificadas em países como Venezuela e Equador. Toledo, que governou entre 2001 e 2006, foi acusado pelo delator de ter recebido US$ 20 milhões. Houve subornos também nos governos de Alan García e Ollanta Humala (2011-2016). A empresa reconheceu o pagamento total de US$ 29 milhões a funcionários públicos. Se condenado por lavagem de dinheiro, Toledo, que liderou os protestos anticorrupção contra o ex-presidente Alberto Fujimori, pode pegar 15 anos de prisão. 

“Digam-me como, quando e em que banco me deram US$ 20 milhões”, questionou Toledo em uma entrevista à RPP no fim de semana. 

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Segundo as investigações do Ministério Público peruano, os subornos foram pagos por meio de um amigo de Toledo, o empresário peruano-israelense Josef Maiman, que também está sob investigação. Os dois e Barata, segundo a procuradoria, formariam o núcleo do esquema de lavagem de dinheiro. 

Pressão. Toledo é a primeira figura de peso da política peruana envolvida no escândalo de corrupção da Odebrecht que pode ter a prisão decretada. 

Conhecido como “El Cholo”, por suas raízes indígenas, Toledo tentou retornar ao poder na eleição do ano passado, mas acabou fora do segundo turno, em um distante oitavo lugar. 

Desde que as denúncias envolvendo seu nome começaram, Toledo está fora do país. Ele diz que sofre uma perseguição de seus inimigos e o delator “mentiu” no depoimento. 

O Centro Global para o Desenvolvimento da Democracia (CGDD), uma ONG ligada ao ex-presidente, negou que doações feitas pela Odebrecht para eventos e palestras tenham a ver com as denúncias de corrupção. A ideia de um ativista pró-democracia envolvido em denúncias de corrupção, no entanto, parece ter chocado muitos peruanos. / EFE e AP