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Mudança na Argentina anima negociadores da UE

Eleição de um governo mais disposto à abertura comercial é vista como um fator positivo para acordo com Mercosul

Por Roberto Lameirinhas e MADRI
Atualização:

A eleição de Mauricio Macri na Argentina deu um novo ânimo para os negociadores europeus que buscam forjar um acordo entre o Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul) e a União Europeia. "Há um clima de otimismo em relação ao futuro do acordo, uma vez que o atual governo argentino vinha pondo uma série de obstáculos para a continuidade do diálogo", declarou ao Estado uma fonte envolvida nas tratativas, que pediu para não ter o nome divulgado. "Nenhum pacto que envolva um número tão grande de países será fácil, mas a eleição de um governo argentino mais disposto à abertura comercial é um dado positivo."

  Representantes da União Europeia se reúnem em Bruxelas na sexta-feira para analisar a recente oferta do Mercosul que abrange 87% dos bens e serviços que entrariam no acordo de preferências comerciais entre os dois blocos. Com a posição do Brasil de dar prioridade à assinatura do acordo até o fim de 2016, a abrangência só não foi maior em razão da resistência do governo argentino, que insistia em manter algumas tarifas protecionistas.

Argentinos comemoram eleição de Macri Foto: JUAN MABROMATA|AFP

  Alguns pontos ainda pendentes do diálogo dizem respeito aos itens não tarifários da negociação, como por exemplo o reconhecimento de títulos profissionais entre os países dos dois blocos - principalmente o de engenheiros -, questões ligadas à propriedade intelectual e medidas de proteção dos investimentos. Além da Argentina, pelo lado europeu França, Irlanda, Hungria e Lituânia estavam entre os países mais refratários a um acordo. "O importante é que cheguemos a um acordo de princípios já nesta próxima etapa das negociações", disse o diretor-geral de Comércio Internacional e Investimentos da Espanha, Antonio Fernandes-Martos. "Podemos assumir o compromisso de discutir as questões mais polêmicas caso a caso, nas próximas fases do diálogo." Espanha, Portugal e Alemanha estão na linha de frente da defesa do acordo no bloco europeu.