Mudanças no sistema eleitoral dificultam e atrasam votação na Itália

Um sistema antifraude foi introduzido e o voto passou a ser misto: proporcional e majoritário

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Foto do author Lourival Sant'Anna
Por Lourival Sant'Anna e Roma
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ROMA - Ao longo do dia, formaram-se filas longas para votar em muitas sessões eleitorais na Itália. Não em razão de um comparecimento elevado, mas das novidades desta eleição. Como parte da reforma política votada no governo do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, o voto passou a ser misto: proporcional e majoritário. Além disso, foi introduzido um sistema antifraude, que tornou a votação mais demorada.

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O que mais causou atrasos foi o novo sistema antifraude, desenhado para evitar que os eleitores chegassem com cédulas já preenchidas Foto: Giuseppe Lami/ANSA via AP

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Antes, os eleitores italianos votavam apenas na lista de seu partido favorito. Os votos eram então distribuídos proporcionalmente entre os candidatos de acordo com a votação de seu partido. Agora, esse voto proporcional responde por pouco mais de dois terços do Parlamento. Os restantes são eleitos pelo sistema nominal e majoritário.

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Isso duplicou a tarefa do eleitor italiano, já que ele devia assinalar os nomes de seus candidatos escolhidos para a Câmara e para o Senado, e também a lista com quatro nomes (que serve apenas de referência) para cada Casa. Nas eleições para o Parlamento, não é permitido o voto cruzado. Ou seja, o voto majoritário e o proporcional deveriam ser no mesmo partido, sob pena de anulação. 

As províncias de Lazio, onde fica Roma, e da Lombardia, à qual pertence Milão, tiveram também eleições para presidente regional (equivalente a governador) e Conselho Regional (Assembleia Legislativa). Nesses casos, era permitido o voto em partidos diferentes.

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Mas o que mais causou atrasos foi o novo sistema antifraude, desenhado para evitar que os eleitores chegassem com cédulas já preenchidas, o que é chamado de “voto de escambo”, o equivalente no Brasil ao voto de cabresto. Agora, o eleitor recebe a cédula, vota e a entrega ao presidente da mesa eleitoral, em vez de colocá-la na urna. O presidente destaca um canhoto com o mesmo número da cédula e a deposita na urna. 

Demora

As filas causaram protestos. “Quanto mais gente vota, melhor”, declarou o líder da Liga Norte, Matteo Salvini, ao votar em Milão. “Mas me parece que alguém no Ministério fez besteira. Não é possível levar uma hora para votar”. acrescentou. 

O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi também manifestou preocupação. “Está demorando demais para votar, a ponto de algumas pessoas não conseguirem”, disse Il Cavaliere ao votar, também em Milão. “Isso porque ainda não temos a possibilidade de utilizar o voto eletrônico”, afirmou o político, inelegível até 2019 em razão de uma condenação.

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