HARARE - O líder da oposição no Zimbábue, Morgan Tsvangirai, disse que o presidente Robert Mugabe, de 93 anos, precisa renunciar ao cargo em nome do interesse do país. A declaração foi feita nesta quinta-feira, 16, um dia após os militares tomarem a capital, Harare.
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Tsvangirai ainda disse que a população suportou "muito sofrimento" nos últimos cinco anos e elogiou os militares, que, segundo ele, trabalharam durante a crise para garantir a segurança do povo e não colocar a vida de ninguém em risco.
"É necessário um mecanismo de transição que contemple todos os partidos envolvidos", afirmou Tsvangirai, de acordo com o portal News24.
Já Mugabe, que está em prisão domiciliar, insiste que é o único governante legítimo do Zimbábue. Ele também se recusa a aceitar a mediação do padre católico Fidelis Mukonori, que tem interesse em oferecer ao ex-guerrilheiro uma saída honrosa do poder.
Especula-se, no entanto, que existem negociações nos bastidores sobre a saída de Mugabe.
A intervenção militar, segundo analistas, foi motivada pela demissão do ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa há uma semana. O ex-vice era um dos favoritos à sucessão de Mugabe. Com Mnangagwa fora do caminho, o governo cairia no colo da primeira-dama, Grace Mugabe, de 52 anos.
A popularidade de Grace é baixa entre a população. Nos últimos dois anos, ela ascendeu rapidamente dentro do partido governista União Nacional Africana do Zimbábue - Frente Patriótica (Zanu-PF). Tal ascensão culminou na demissão do ex-vice-presidente.
Não foi informado se o casal Mugabe terá imunidade no final desse processo.
Apesar dos acontecimentos, a capital amanheceu aparentemente tranquila. / REUTERS e EFE