Mujica pede apoio a Tabaré e se despede da Presidência do Uruguai a bordo de fusca azul

Tabaré Vázquez assumiu neste domingo, 1º; o agora ex-presidente José 'Pepe' Mujica foi eleito para mandato no Senado uruguaio

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Por Rafael Moraes Moura
Atualização:

MONTEVIDÉU - Encerrando um ciclo de cinco anos em que ganhou popularidade a nível global, o ex-presidente José Mujica disse neste domingo, 1º, esperar que o povo uruguaio faça todo o possível para apoiar seu sucessor, o médico Tabaré Vázquez. Depois de entregar a faixa presidencial a Vázquez, Mujica deu uma volta na Praça Independência e, acompanhado de uma equipe de segurança, embarcou no seu fusca azul, no banco de passageiro, cercado por simpatizantes e ovacionado pelo público.

 

"Agradeço por todo o apoio que me deu o povo uruguaio", comentou Mujica, emocionado. "O povo uruguaio tem que fazer todo o possível para apoiar o governo que começa."

Mujica passou a faixa presidencial para Vázquez durante cerimônia neste domingo Foto: Hugo Ortuño/Efe

 

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Para o ex-presidente uruguaio, a sua trajetória comprova que aqueles que não se entregam nem baixam a guarda sempre conseguem "algum reconhecimento e compensação". "Fizemos algumas coisas e outras, não. Mas virão outros melhores e assim sucessivamente", disse.

 

A cerimônia de transmissão de mandato presidencial contou com as presenças dos presidentes de Cuba, Raúl Castro; do Chile, Michelle Bachelet; do Equador, Rafael Correa; e do Paraguai, Horacio Cartes. O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, foi vaiado quando teve seu nome anunciado pelo locutor e subiu ao palco para cumprimentar Vázquez. 

 

A transmissão de mandato foi marcada pelas ausências: o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cancelou a ida ao Uruguai por motivos de saúde; o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tenta administrar a crise política e social instalada no país; e o presidente da Bolívia, Evo Morales, cumpriu agenda com Mujica às vésperas do fim do mandato, mas retornou logo depois. Já a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, fará neste domingo seu oitavo discurso anual no Congresso.

 

Reunião. A presidente Dilma Rousseff acompanhou a sessão solene de Compromisso de Honra e Declaração de Fidelidade Constitucional, no Palácio Legislativo, mas não ficou para a cerimônia de transmissão de mandato presidencial.

 

Antes de embarcar para o Rio de Janeiro, onde inaugura um túnel e participa de celebração dos 450 anos da cidade, Dilma teve uma reunião com Vázquez no Palácio Legislativo. Durante vinte minutos, trataram da cooperação bilateral, o que atrasou a transmissão de mandato presidencial.

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"Não falamos da situação na Venezuela, apenas da relação Brasil-Uruguai", disse Vázquez ao Estado.

 

Em artigo publicado na edição deste domingo do jornal uruguaio "El País", Dilma afirmou ter "plena convicção" de que, com o presidente Tabaré Vázquez, "manteremos o mesmo nível de excelência das relações entre nossos países". 

 

"O retorno de Tabaré - amigo do Brasil - ao comando da nação uruguaia nos dá segurança de poder avançar ainda mais na consolidação da integração entre Uruguai e Brasil, em prol do desenvolvimento e do bem-estar de nossas sociedades e do conjunto da região", disse a presidente.

 

Energia. Dilma e Mujica inauguraram neste sábado, 28, o parque eólico de Artilleros, o primeiro empreendimento da Eletrobras a gerar energia no exterior. Segundo a Eletrobras, a energia produzida pelo parque se destinará ao sistema elétrico do Uruguai, mas a capacidade instalada naquele país vai permitir que a geração de excedentes de energia sejam intercambiados com o sistema elétrico brasileiro.

 

"O parque representa uma iniciativa de cooperação pioneira e emblemática no setor de geração de energia renovável", comentou Dilma, no artigo. "Artilleros se soma à nova linha de transmissão entre Brasil e Uruguai, cuja entrada em operação fortalecerá a segurança energética de nossos países."

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