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Na ONU, Rússia barra proposta de cessar-fogo de 30 dias na Síria

Representante russo na ONU chama de ‘psicose em massa’ os relatos de que 403 civis morreram em Ghouta Oriental em 5 dias de ataques

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Por Redação
Atualização:

NOVA YORK - A Rússia bloqueou nesta quinta-feira, 22, uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que teria estabelecido um cessar-fogo de 30 dias e permitido a entrada de ajuda humanitária em Ghouta Oriental, na Síria, reduto rebelde sitiado pelas tropas do ditador Bashar Assad e sob intenso bombardeio desde domingo.

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Voluntários da organização Defesa Civil, conhecidos como capacetes-brancos,carregam um homem ferido no bombardeios para hospital improvisado; desde domingo,quase 200 civis, entre eles 60 crianças, morreramnos violentos bombardeios das forças do regime sírio Foto: AFP PHOTO / Hamza Al-Ajweh

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Segundo o embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia, não há necessidade de um cessar-fogo porque os relatos de 403 mortos e centenas de feridos na região são produto de uma “psicose em massa produzida nos meios de comunicação globais, que atuam em coordenação para disseminar os mesmos rumores falsos”.

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Nebenzia afirmou que os rebeldes lançaram “centenas de foguetes” contra a capital síria, Damasco, e se escondem em instalações médicas e educacionais para aumentar o número de vítimas civis. “Mas esta é uma verdade inconveniente que não está sendo disseminada”, disse. 

O diplomata russo também acusou os voluntários da ONG Defesa Civil da Síria, conhecidos como capacetes brancos, de serem a principal raiz da “campanha de desinformação bem remunerada que foi lançada contra a Rússia e contra o governo sírio”.

Os russos rejeitaram a resolução de cessar-fogo apresentada pela Suécia e pelo Kuwait, que pede o fim do cerco a Ghouta e a outras três cidades dominadas por rebeldes. Eles classificaram a proposta de “populista e inviável”. Os russos distribuíram uma lista de emendas, entre elas a manutenção do cerco em áreas que seriam redutos do Estado Islâmico e da Jabhat al-Nusra, braço da Al-Qaeda que atua na Síria.

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O chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que Moscou propôs aos combatentes escondidos em Ghouta Oriental uma retirada pacífica, mas não obteve sucesso. “A Frente al-Nusra e seus aliados rejeitaram categoricamente nossa proposta e continuam bombardeando Damasco e mantendo refém a população de Ghouta Oriental”, afirmou Lavrov.

ondenações. A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou as ações em Ghouta Oriental. “Os terríveis acontecimentos que vemos na Síria são o retrato de um regime que luta não contra terroristas, mas contra o próprio povo, o assassinato de crianças, a destruição de hospitais – tudo isso é um massacre”, disse Merkel. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu uma trégua imediata no “território que virou um inferno”.Washington acusou ontem Bashar Assad de usar uma estratégia de “bombardear ou matar de fome” seus rivais em Ghouta Oriental, como fez em Alepo, Hama e Homs.

Na quinta-feira, 22, os bombardeios das forças de Assad contra Ghouta Oriental continuaram. Entre os 403 civis que morreram estão 95 crianças, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, ONG que monitora o conflito./ AFP, AP e NYT 

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