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Nagasaki pede que o Japão assine tratado da ONU contra armas atômicas

Na cerimônia para lembrar os 72 anos do ataque nuclear que atingiu a cidade do sudoeste do Japão, prefeito Tomohisa Taue criticou seu país por não ter assinado pacto adotado em julho por 122 Estados-membros das Nações Unidas

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Por Redação
Atualização:

TÓQUIO - Nagasaki recordou nesta quarta-feira, 9, o ataque nuclear que atingiu a cidade do sudoeste do Japão há 72 anos, uma cerimônia marcada por um pedido emocionado do prefeito para que o Japão assine um tratado da ONU que proíbe as armas nucleares.

"Nem participaram nas negociações", criticou o prefeito Tomohisa Taue, em referência ao governo em sua "declaração de paz" anual, pronunciada em japonês mas traduzida a vários idiomas. "É algo difícil de entender para os que vivem nas regiões afetadas pelos bombardeios nucleares", disse.

Japoneses participam das homenagens às vitimas do bombardeio nuclear em Nagasaki, há 72 anos, que deixou mais de 74 mil mortos Foto: AFP PHOTO / JIJI PRESS

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"Como único país que sofreu a devastação destas armas, peço que façam tudo o que está em suas mãos para participar o mais rápido possível nas negociações e revisar sua política de defesa que depende de um guarda-chuva nuclear", afirmou em referência aos EUA, que se comprometem a proteger o aliado japonês pelo princípio de dissuasão.

No início de julho, um tratado que proíbe as armas atômicas foi adotado por 122 Estados-membros da ONU, mas as potências nucleares - Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, China, França, Índia, Paquistão, Coreia do Norte e Israel - boicotaram as discussões, assim como o Japão e a maioria dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Taue expressou uma "profunda gratidão" à ONU e a todos os que promoveram o tratado "que fala tão bem do sofrimento e dos esforços dos hibakusha (sobreviventes afetados pela explosão)" e poderia ser batizado como "o Tratado de Hiroshima e Nagasaki".

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, presente na cerimônia, não fez referência explícita ao documento. "O Japão está decidido a desempenhar um papel de primeira linha trabalhando com as potências nucleares e não nucleares, para conseguir um mundo sem armas atômicas", afirmou.

Às 11h02 locais (23h02 de terça-feira em Brasília) uma sirene tocou, no momento exato em que a bomba de plutônio, batizada como "Fat Man", foi lançada em 9 de agosto de 1945 pelos americanos sobre Nagasaki, matando 74.000 pessoas, três dias depois da bomba "Little Boy", de urânio, ter provocado 140.000 mortes em Hiroshima.

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Milhares de pessoas, incluindo sobreviventes e parentes de vítimas, respeitaram um minuto de silêncio.

Os dois bombardeios precipitaram a rendição do Japão em 15 de agosto de 1945 e o fim da 2ª Guerra. / AFP

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