PUBLICIDADE

Negociações para formar governo na Alemanha são adiadas por falta de acordo

Conservadores, liberais e ecologistas alemães prorrogaram para esta sexta-feira as conversas sobre nova coalizão

Atualização:

BERLIM - Conservadores, liberais e ecologistas alemães prorrogaram para esta sexta-feira as negociações para a formação de um governo, depois que não alcançaram um acordo até a data limite de 16 de novembro.  A chanceler Angela Merkel, que admitiu na quinta-feira a existência de "divergências profundas" com os possíveis sócios de governo, se reunirá novamente com os partidos para uma última tentativa de formar uma coalizão. 

PUBLICIDADE

+Merkel reconhece profundas divergências nas negociações para formar coalizão

Após longas conversações, que entraram pela madrugada, um dos líderes da União Democrata-Cristã (CDU), Volker Kauder, afirmou que as negociações podem continuar durante o fim de semana. Caso os três partidos não alcancem um acordo, o país provavelmente terá novas eleições. Se um pacto for concluído, os partidos começarão a redigir um "contrato de coalizão" para formar o quarto governo liderado por Merkel.  "Vamos para a prorrogação", disse o copresidente do Partido Verde, Cem Özdemir.

"Ainda existem divergências, sobretudo a respeito das questões de imigração e política financeira", reconheceu o líder do Partido Liberal (FDP), Christian Lindner, que, no entanto, se mostrou otimista.

Angela Merkel disse que sua aliança conservadora irá sondar possibilidades de coalizão com o FDP e os Verdes, assim como com o até agora relutante Partido Social-Democrata Foto: AFP PHOTO / Odd ANDERSEN

Merkel abandonou as negociações às 04H45 do horário local (03H45 GMT, 01H45 horário de Brasília) sem fazer declarações. A chanceler havia fixado o dia 16 de novembro como data limite para chegar a um acordo, ou seja, quase dois meses depois das eleições legislativas que não deram ampla maioria a nenhum partido. 

"Acho que podemos conseguir (...) embora seja um trabalho difícil", havia assegurado antes de se fechar durante horas com os responsáveis conservadores (CDU e seu aliado bávaro CSU), liberais e ecologistas. 

Depois de semanas de negociações a portas fechadas marcadas por disputas e ataques públicos recíprocos, os três partidos ainda não chegaram a nenhum acordo sobre os temas mais controversos, como políticas climática e migratória.

Publicidade

Depois de uma vitória decepcionante nas legislativas de setembro e a ascensão da extrema direita, a chanceler, que está há 12 anos à frente da Alemanha, não tem alternativa à coalizão com os liberais e os Verdes. 

O partido social-democrata SPD, que obteve um resultado historicamente baixo, decidiu ficar na oposição e deixou claro que não participará em um novo governo de Merkel.

"Para a chanceler não só seu próximo mandato que depende de um acordo da coalizão Jamaica, mas o futuro de sua carreira política", avaliou o jornal Bild na quinta-feira.

Com o transcorrer das semanas, o apoio da população a essa coalizão política perdeu força.

Se os partidos não chegarem a um acordo "haverá novas eleições. E ninguém as quer", afirmou o semanário Der Spiegel.

Caso haja novas eleições, teme-se uma vantagem do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve 13% dos votos em setembro em um resultado histórico na Câmara dos Deputados.

As negociações permitiram alcançar alguns compromissos, como que seja mantido o excedente fiscal. Mas não se chegou a umconsenso sobre alguns pontos fundamentais.

Publicidade

Sobre o clima, os ecologistas, que renunciaram a exigir o fim dos motores a combustão para 2030, pedem a seus sócios uma proposta mais ambiciosa sobre a meta de corte das emissões de CO2, até agora em vão.

A política migratória também é um ponto de desacordo, assim como a política europeia.

Os Verdes, que fizeram várias concessões importantes, não escondiam na quinta-feira sua irritação sobre o curso dos acontecimentos. "No fim isso só poderá funcionar se as partes fizerem um compromisso", disse um de seus responsáveis, Anton Hofreiter. /AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.