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Negociador da oposição síria pede demissão e diz que negociações fracassaram

Em comunicado, Mohamed Alush afirmou que ‘as três rodadas de negociações não tiveram sucesso em razão da obstinação do regime, contínuos bombardeios e agressões ao povo sírio’

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Por Redação
Atualização:

BEIRUTE - O negociador-chefe da oposição síria, Mohamed Alush, anunciou no domingo sua demissão, alegando como motivos o fracasso das negociações e os contínuos bombardeios do regime de Bashar Assad sobre as zonas rebeldes.

Sua demissão chega três dias após o emissário da ONU na Síria, Staffan de Mistura, ter afirmado ao Conselho de Segurança que não havia previsão de uma nova rodada de negociações antes de "duas ou três semanas".

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"As três rodadas de negociações (em Genebra) não tiveram sucesso em razão da obstinação do regime, os contínuos bombardeios e suas agressões ao povo sírio (...), anuncio minha retirada da delegação e minha demissão", indicou Alush em um comunicado publicado em sua conta do Twitter.

Ele também denunciou a "incapacidade da comunidade internacional para fazer com que suas resoluções sejam aplicadas, especialmente no que concerne ao aspecto humanitário, à suspensão de cercos para a entrada de ajuda, à liberação de prisioneiros e ao respeito da trégua".

Alush se referiu ao acordo entre Rússia e EUA sobre o fim das hostilidades entre o regime e os rebeldes, que entrou em vigor no dia 27 de fevereiro e, desde então, foi violado em diversas ocasiões. “As negociações sem fim enterram as chances desse povo", lamentou.

Mohamed Alush dirige o movimento armado de inspiração salafista Jaish al Islam, um dos mais influentes na Síria e do qual fazem parte centenas de grupos de insurgentes que aprovaram a trégua.

As negociações de paz estão suspensas desde o final de abril pela oposição, integrada na Comissão Suprema para as Negociações, que acusou o Exército sírio e a Rússia de violarem a trégua e de lançarem uma ofensiva contra Alepo.

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Bombardeios. Pelo menos 6.340 pessoas morreram nos últimos 8 meses pelos bombardeios da aviação da Rússia, aliada do governo de Damasco, na Síria, segundo dados publicados nesta segunda-feira, 30, pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Das vítimas, pelo menos 2.099 eram civis, entre os quais havia 500 menores de idade e 318 mulheres.

Os ataques da força aérea russa também causaram 2.270 baixas nas fileiras do grupo terrorista Estado Islâmico e 1.971 nas de organizações rebeldes sírias, além das da Frente Al-Nusra - filial da Al-Qaeda no país - e as do Exército Islâmico do Turcomenistão.

A Rússia iniciou em 30 de setembro uma campanha de bombardeios na Síria. Tanto Moscou como Damasco afirmam que os ataques são contra organizações terroristas, mas o Observatório e opositores asseguram que os aviões russos também têm como alvo zonas residenciais e bases de brigadas opositoras, como o Exército Livre Sírio (ELS). /AFP e EFE

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