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Notícia sobre morte de Bin Laden vazou na internet antes de anúncio de Obama

Jornalistas receberam recado do governo e começaram a especular sobre pronunciamento

Atualização:

 

NOVA YORK - O anúncio foi feito em termos concisos depois das 21:45 de domingo por Dan Pfeiffer, o diretor de comunicações da Casa Branca. "POTUS (o presidente dos EUA) falará à nação às 22:30, horário da costa leste", escreveu no Twitter, transmitindo a mesma mensagem que acabara de ser enviada para o departamento de imprensa da Casa Branca.

 

 

Segundo Brian William, âncora do programa NBC Nightly News, alguns jornalistas receberam um e-mail com três palavras: "Comecem a trabalhar". Os âncoras da televisão e os editores dos jornais do país não sabiam, inicialmente, que o presidente Obama anunciaria a morte de Osama Bin Laden, um fato extraordinário na guerra travada pelos EUA e seus aliados há quase dez anos contra o terrorismo. Mas alguns repórteres em Washington desconfiaram quase imediatamente que o anúncio diria respeito a Bin Laden.

 

A especulação não foi logo divulgada na televisão, mas explodiu no Twitter e em outras redes sociais. A esperança na morte de bin Laden ricocheteou na internet - e depois, às 22:25, enquanto Obama preparava o seu discurso, um tweet pareceu confirmá-la. Keith Urbahn, o secretário de gabinete do ex-secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, escreveu neste momento: "Pessoas de toda confiança estão me dizendo que mataram Osama Bin Laden. Caramba!"

 

E acrescentou imediatamente: "Não sei se é verdade, mas vamos rezar para que seja". Na internet muitos atribuíram a notícia a ele, embora não tenha tido a confirmação em primeira mão.

 

Em poucos minutos, fontes anônimas no Pentágono e na Casa Branca começaram a dar aos repórteres a mesma informação. Os canais ABC, CBS e NBC interromperam a programação em todo o país quase no mesmo instante, às 22:45, com a notícia. "Estamos ouvindo um júbilo total em todo o governo", disse a correspondente da ABC News, Martha Raddatz. Brian Williams contou aos telespectadores da NBC: "Esta notícia vazou para o público em grande parte quando alguns funcionários do Congresso começaram a fazer telefonemas".

 

A senadora Dianne Feinstein, presidente da Comissão de Inteligência do Senado, estava falando num serviço religioso para um consultor democrata na Califórnia e anunciou a morte na conclusão do seu discurso. O público, sentado à margem de uma piscina numa propriedade na praia de Santa Monica, ficou sem fôlego.

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Representantes do governo falaram à imprensa sem se identificar, como disse a Associated Press, "por falarem antes do presidente". O discurso de Obama, inicialmente programado para as 22:30, foi várias vezes adiado. A CNN informou que ele estava escrevendo o discurso de seu próprio punho.

 

Por volta das 23:00, ele ainda não havia falado, mas a notícia estava se espalhando praticamente pelo mundo todo. Naquele momento havia mais de uma dúzia de mensagens no Facebook com a palavra "Bin Laden" a cada segundo. O site do The New York Post dizia: "Nós o pegamos!" E primeira página do Huffington Post: "Morto". Em todo o país, os americanos estavam na frente dos televisores digerindo a notícia. "Isto encerra um capítulo na guerra global ao terrorismo que definiu uma geração", afirmou o correspondente da NBC Richard Engel.

 

Obama confirmou a morte de Bin Laden às 23:35. Quase imediatamente, a imprensa começou a especular sobre a possibilidade de o governo Obama mostrar imagens da operação. Pouco antes da meia-noite, a rede Al-Jazira mostrou ao vivo uma multidão que se acotovelava em frente à Casa Branca gritando "USA! USA!" (sigla para United States of America, Estados Unidos em inglês).

 

Uma usuária do Twitter da Califórnia disse que toda a sua família estava olhando, inclusive o filho de 9 anos. "Estamos explicando para ele quem é Osama bin Laden", ela escreveu. A criança nasceu meses depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

 

Tradução: Anna Capovilla

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