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Nova direção: O namoro de Donald Trump com os democratas

É um erro acreditar que Trump se tornará, de uma hora para outra, um presidente bipartidário

Por Helio Gurovitz
Atualização:

Primeiro, veio o acordo para estender o prazo para aumentar o limite da dívida pública. Depois, uma conversa “produtiva” sobre como manter nos Estados Unidos imigrantes ilegais que chegaram na infância ou adolescência, com reforço da segurança na fronteira mexicana (e sem muro!). O namoro de Donald Trump com os democratas enfurece alas insatisfeitas do Partido Republicano e desafia as explicações. 

Trump (E) com o líder republicano no SenadoMitch McConnell (2º à dir.), o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, e a líder democrata na Câmara (D), Nancy Pelosi Foto: REUTERS/Kevin Lamarque

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Desprezo por causas que polarizam o país, como dívida pública e imigração? Despeito dos líderes no Congresso, incapazes de aprovar a reforma da saúde ou de manter uma agenda legislativa mínima em marcha? Tentativa de governar de modo independente dos partidos? Guinada genuína para o centro, depois de perceber que a popularidade desabou? A resposta, diz o analista Perry Bacon Jr., ainda é uma incógnita. Mas é um erro acreditar que Trump se tornará, de uma hora para outra, um presidente bipartidário. 

Depois de rachar os republicanos nas primárias, ele tentará moldar o partido em torno de si. Exatamente como Ronald Reagan construiu uma coalizão vitoriosa entre conservadores fiscais, religiosos, libertários e falcões na política externa nos anos 1980. Trump quer agora reunir nacionalistas anti-imigração, religiosos, industriais protecionistas, adversários das políticas identitárias e sabe-se lá mais quem. O entusiasmo que antes vinha do Tea Party está hoje na ala populista e nacionalista do partido, capaz de aplaudir Trump até mesmo quando ele corteja democratas.

Acabou a lua de mel, Mnuchin Steve Mnuchin (acima), o banqueiro que Trump trouxe do Goldman Sachs para a Secretaria do Tesouro, está sob dupla investigação: por ter requisitado um jatinho do governo – ao custo de US$ 25 mil a hora – em sua lua de mel na Escócia, França e Itália (o pedido foi recusado) e por ter levado a mulher, Louise Linton, numa viagem a Fort Knox, no Kentucky, no dia do eclipse solar.Dinheiro público e obscenidade Em 1989, o Congresso americano proibiu o uso de dinheiro público em exposições de conteúdo obsceno, tamanho o furor com uma escultura de Andres Serrano e uma retrospectiva do fotógrafo Robert Mapplethorpe (cujo conteúdo é melhor nem descrever). Vaga, a lei foi emendada, depois desafiada na Suprema Corte. Por 8 votos a 1, os juízes concordaram, em 1998, que a obscenidade pode ser usada como um entre tantos outros critérios de financiamento, tão ou mais vagos.Denver, cidade ideal para a nova sede da Amazon? A Amazon esgotou seu espaço para crescer em Seattle e busca uma nova sede, numa região metropolitana com mais 1 milhão de habitantes, boa qualidade de vida e transporte, oferta de mão de obra com competência tecnológica e – naturalmente – incentivos fiscais. O blog Upshot cruzou todas as exigências com dados do censo americano e chegou a um único local satisfazendo a todas condições: Denver, no Estado do Colorado.Desafiou os rabinos, teve de sair O deputado israelense Yigal Guata, do partido religioso Shas, foi obrigado a renunciar ao cargo depois de comparecer à festa de casamento gay de um sobrinho, contrariando a ortodoxia dos rabinos. Uber aos sábados em Israel Em respeito à lei religiosa, o transporte público não funciona aos sábados em Israel, a não ser em casos excepcionais. Em editorial, o Jerusalem Post defendeu a liberação do Uber como forma de atender a demanda.O sucesso da depilação brasileira  Acaba de sair nos Estados Unidos The naughty nineties (Os sacanas anos 1990), livro em que David Friend narra a história de sucesso e posterior decadência das sete irmãs brasileiras que levaram para os Estados Unidos a técnica de depilação radical da virilha conhecida como “Brazilian wax”, popular depois de aparecer no seriado Sex and the City.John Le Carré sai do frio Em A legacy of spies (“Um legado de espiões”), o mestre John Le Carré retoma, aos 85 anos, a operação que terminou em tragédia no clássico O espião que saiu do frio, de 1963. Narrado por Peter Guillam, o livro traz de volta Alec Leamas, Hans-Dieter Mundt, Karl Riemeck e, claro, ele mesmo: George Smiley. Se você não sabe de quem estou falando, esquece. Se sabe, por que ainda está lendo esta coluna em vez do livro?

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