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O favoritismo frágil de Macron

Na média das 28 pesquisas publicadas na França nos 10 dias anteriores à eleição, Macron tinha 23,5% das intenções de voto, ante 22,5% de Marine, 19,5% de Fillon e 18,8% de Jean-Luc Mélenchon

Por Helio Gurovitz
Atualização:

Nas casas de apostas, o liberal de centro Emmanuel Macron, com 55% de chances, ainda era nos últimos dias o franco favorito a vencer a eleição francesa no segundo turno, marcado para 7 de maio. Veremos hoje quanto desse favoritismo resiste ao resultado das urnas no primeiro. Mesmo antes do atentado da quinta-feira, Macron sofria com a volatilidade de seu eleitorado, superior à dos rivais Marine Le Pen e François Fillon.

Na média das 28 pesquisas publicadas na França nos 10 dias anteriores à eleição, Macron tinha 23,5% das intenções de voto, ante 22,5% de Marine, 19,5% de Fillon e 18,8% de Jean-Luc Mélenchon. Mas uma média de apenas 69% dos eleitores de Macron davam certeza de votar nele, enquanto 85% se diziam certos do voto em Marine. Contando apenas os votos certos, Marine liderava as pesquisas com 19%. Macron tinha 16,3%; Fillon, 15,5%; e Mélenchon, 12,8%. Havia, além disso, 9,3% de indecisos, entre os 73,7% que garantiam ir votar. O atentado na Champs-Elysées mudou a agenda da campanha da economia para o terrorismo, campo mais favorável a Fillon e Marine. O resultado, portanto, está bem menos garantido para Macron do que um olhar ingênuo pode dar a entender.

O resultado das eleições francesas está bem menos garantido para Macron do que um olhar ingênuo pode dar a entender Foto: Robert Pratta/Reuters

Cai o interesse francês nos candidatos

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O programa de TV no qual estavam os 11 candidatos durante o atentado de quinta-feira foi visto por 4,7 milhões (21% da audiência) – bem menos que os 6,3 milhões que assistiram ao debate dia 4 de abril, e menos da metade do público de mais de 10 milhões no debate anterior, em 20 de março.

O desperdício de papel na campanha

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O governo francês prometeu nas últimas eleições, em 2012, uma economia de € 215 milhões com a proibição do envio de propaganda eleitoral pelo correio, equivalente a 105 hectares de floresta, numa estimativa do jornal Les Echos. Não deu em nada. A Assembleia Nacional reprovou a medida, e as malas diretas continuaram entupir a caixa postal dos franceses.

Eleição pode ser armadilha para May

Ao convocar as eleições relâmpago no Reino Unido, a premiê Theresa May parece confiar no favoritismo de seu partido em todas as pesquisas. Pois deveria tomar cuidado. Desde 1979, as sondagens britânicas feitas 90 dias antes da eleição têm errado em média por 6 pontos porcentuais e, mesmo na semana anterior, o erro tem ficado em 5 pontos, segundo análise do FiveThirtyEight. Será que ela não lembra o susto do Brexit?

Desigualdade importa menos que injustiça

Cidadãos preferem sociedades desiguais às injustas. “Não há evidência de que as pessoas se incomodem com a desigualdade econômica em si. Elas se incomodam com algo frequentemente confundido com isso: injustiça”, diz um estudo de psicólogos da Universidade Yale na Nature Human Behaviour. As preocupações com justiça e desigualdade podem coincidir. Mas nem sempre é assim. Nas sociedades socialistas, o desrespeito às diferenças de mérito provocava revolta contra igualdade demais.

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A gafe do novo assessor de Trump

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O economista Kevin Hassett, recém-empossado como chefe do Conselho de Assessores Econômicos de Donald Trump, destoa do perfil protecionista. Respeitado na academia, é um defensor de cortes de impostos, livre-comércio e globalização. Sua maior gafe foi prever em 1999, no livro Dow 36.000, uma alta estratosférica do Dow Jones, índice das ações de Wall Street. Apostou que, em 2009, estaria mais perto de 36.000 que de 10.000. O Dow fechou o ano em 10.428. Para pagar a aposta, Hassett doou US$ 1000 ao Exército da Salvação.

Clint Eastwood contra os terroristas

Pouco antes do atentado na França, o ator e diretor Clint Eastwood anunciou que, após o emocionante Sully, seu próximo filme será dedicado ao episódio de agosto de 2015 no trem de alta velocidade da linha Thalys, que liga Paris a Amsterdã. Na ocasião, três americanos (um estudante e dois militares) evitaram que um terrorista atacasse os passageiros com seu Kalashnikov e se tornaram heróis.

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