O que acontece após derrota do referendo na Itália

Grupos de extrema direita do país ganham cada vez mais força, enquanto o presidente precisa formar um novo governo, convocando os principais partidos a tentar chegar a um acordo

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Atualização:

O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, foi derrotado nas urnas no domingo com a vitória do “não” no referendo sobre a reforma proposta por ele. Com isso, o populista Movimento 5 Estrelas, liderado pelo político Beppe Grillo, e a extrema direita anti-imigração do país ganham cada vez mais força diante do fracasso de Renzi.

Veja abaixo o que acontece agora no país.

Primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, renunciou após derrota no referendo constitucional, abrindo caminho para extrema direita e partidos nacionalistas Foto: EFE/Angelo Carconi

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O que Renzi fará?

O premiê disse em uma coletiva de imprensa, após os resultados primários do referendo, que iria anunciar sua renúncia do cargo ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, na tarde desta segunda-feira, 5. Ele deve aceitar o pedido de Renzi ou pedir que ele fique, mas sua saída - após quase 60% dos italianos rejeitarem as mudanças propostas -, significa que ele deve mesmo deixar o gabinete, segundo informações do jornal britânico The Guardian.

E depois?

Com a saída de Renzi, caberá a Mattarella unir um novo governo. Ele convocará todos os principais partidos para ver se conseguem chegar a um acordo sobre um novo gabinete.

Haverá eleições?

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De acordo com o Guardian, o Movimento 5 Estrelas e a Liga do Norte querem e tentarão pressionar Mattarella para dissolver o Parlamento atual e estabelecer uma data para um voto rápido. Ambos os grupos têm pressa com relação à decisão. Isso porque uma das maiores reformas que o governo do premiê tentou implementar tratava de mudar as leis eleitorais do país. A mudança seria implementada a partir do vencedor das próximas eleições, que automaticamente teria a maioria dos assentos no Parlamento. Na época, o projeto foi aprovado e contou com a oposição forte do Movimento, que o comparou a um poder fascista.

As mudanças eleitorais deveriam funcionar junto às modificações na Constituição, que foram rejeitadas no referendo de domingo pelos italianos. O partido Democrata deixou claro que deseja e precisa modificar novamente a lei de volta a um sistema proporcional. O Movimento 5 Estrelas vê uma grande oportunidade para o partido vencer se as eleições fossem realizadas agora, sob novas regras, e antes de serem alteradas novamente. Sobre isso, Mattarella tem a palavra final.

Mas, afinal, haverá eleições?

Muitos analistas não acreditam na real possibilidade de isso acontecer, mas há muito movimento agora. Se os partidos políticos mais centristas e tradicionais, como o Democrata e o Força Itália, podem ficar alinhados - já que ambos têm interesse em mudar as leis eleitorais de volta como eram -, eles também podem evitar os pedidos para uma eleição rápida.

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Quem pode ser o próximo primeiro-ministro?

Alguns nomes têm sido cotados, já que a derrota de Renzi era esperada. O principal competidor pelo cargo no momento é Pier Carlo Padoan, atualmente ministro das Finanças. A escolha pode acalmar investidores preocupados, dado que ele tem sido visto como uma figura de liderança ao lidar com as consequências da crise econômica no país e a continuidade dos problemas no sistema bancário italiano. Outros nomes cotados são Dario Franceschini, ministro da Cultura, e Carlo Calenda, ministro de Desenvolvimento Econômico.

Veja abaixo: Primeiro-ministro da Itália renuncia

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O que o governo interino fará e quanto tempo levará?

Analistas preveem que um governo interino poderia estar pronto dentro de algumas semanas, e Renzi poderia permanecer no comando do governo até que o novo governo esteja seguro com o apoio do Parlamento.

Como Mattarella conseguiu lidar com crises como a atual no passado?

Ainda não se sabe. Essa será a primeira vez que o presidente, eleito em 2015, está no centro de um grande momento para o país. Ele tem se pronunciado pouco a respeito até agora e deve ser um personagem independente, tomando decisões de acordo com os melhores interesses para a Itália.

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