Obama pede ao mundo ‘correção de rota’ em seu último discurso na ONU
Presidente americano critica a Rússia, defende legado de diálogo com países como Cuba e Mianmar, ataca ideias de Donald Trump e defende que cooperação global é fundamental para evitar o avanço do extremismo no Oriente Médio e no mundo
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Por Redação
Atualização:
NOVA YORK - Em seu último discurso como presidente dos Estados Unidos em uma Assembleia-Geral da ONU, Barack Obama admitiu nesta terça-feira, 20, que seu país e outras grandes potências têm uma capacidade limitada para solucionar os problemas mais profundos do mundo, incluindo a guerra civil na Síria, e pediu uma “correção de rota” global.Ele lamentou os “ciclos de conflito e sofrimento” que parecem ter início toda vez que a humanidade finalmente parece encontrar o rumo certo. “Talvez seja o nosso destino”, afirmou.
A quatro meses do fim do segundo mandato, o presidente americano pediu mudanças para garantir que as “irresistíveis forças da globalização levem os países a se entrincheirar atrás de suas fronteiras, ignorando aqueles em situação mais vulnerável”. Ele repreendeu os líderes estrangeiros por estimular as divisões étnicas e religiosas, e criticou a Rússia por sua abordagem truculenta ao papel que o país desempenha no mundo.
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Ainda assim, Obama insistiu que é fundamental tratar sem superficialidade o “imenso progresso” da economia e da cooperação global que, de acordo com ele, consiste num molde para enfrentar os problemas do futuro. Numa crítica pouco sutil a Donald Trump, o candidato republicano à sua sucessão na eleição de novembro, Obama disse, “Um país cercado por muros só conseguiria aprisionar a si mesmo”, referindo-se indiretamente à proposta do bilionário de levantar um muro na fronteira com o México.
As palavras de despedida de Obama às Nações Unidas contiveram uma avaliação dos desafios que ele deixa para trás: uma devastadora crise de refugiados, terrorismo, desigualdade econômica e a tendência de usar imigrantes e muçulmanos como bodes expiatórios. Em todo o Oriente Médio, afirmou, “a segurança e a ordem básicas entraram em colapso”.
“Esse é o paradoxo que define o mundo hoje”, disse Obama. “Um quarto de século após o fim da Guerra Fria, o mundo se tornou mais próspero e menos violento do que antes, de acordo com muitos critérios. Mas nossas sociedades se encontram tomadas pela incerteza, inquietude e caos.”
Crises. A reunião da ONU este ano se desenrola diante do sombrio pano de fundo do aprofundamento da guerra civil na Síria e o fracasso dos esforços diplomáticos de americanos e russos na tentativa de conter a violência por um período significativo. Na ausência de uma alternativa melhor, EUA, Rússia e outros repetiram hoje a pouco convincente ideia segundo a qual um cessar-fogo estabelecido há uma semana não estava em risco, embora o governo da Síria tenha declarado seu fim.
Obama reconheceu que a violência de extremistas que espalham o caos pelo Oriente Médio e outras regiões “não será revertida rapidamente”. Ainda assim, ele insistiu que a chave para a solução da guerra na Síria e de outros conflitos está nos esforços diplomáticos, não nas respostas militares.
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“Se formos sinceros, admitiremos que nenhum poder externo será capaz de obrigar diferentes comunidades religiosas ou étnicas a coexistirem por muito tempo”, disse Obama. “Até que sejam respondidas questões básicas a respeito de como será essa coexistência, as brasas do extremismo continuarão a arder. Incontáveis seres humanos vão sofrer.”
O presidente também criticou Moscou em seu diagnóstico dos males do mundo contemporâneo. “Num mundo que há muito deixou para trás a era dos impérios, vemos a Rússia tentando recuperar uma glória perdida por meio da força.”
Há um ano, Obama ocupou o mesmo púlpito para declarar novamente a necessidade do afastamento do presidente sírio Bashar Assad, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, respondeu com seu próprio discurso, alertando para o erro de abandonar Assad. Desde então, a influência de Moscou no conflito aumentou substancialmente, na esteira de uma intervenção militar na Síria que reforçou a posição de Assad sem mergulhar as forças russas no “atoleiro” previsto por Obama.
8 anos de Obama na visão do fotógrafo oficial da Casa Branca
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8 anos de Obama na visão do fotógrafo oficial da Casa Branca
O fotógrafo Pete Souza acompanha a família Obama desde que Barack chegou à Casa Branca, em 2009. Ao longo deste mais de 8 anos, Souza tirou mais de 2 ... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Por insistência do presidente Obama, o então vice-conselheirode seguraça Nacional Ben Rhodes levou sua filha Ella para uma visita à Casa Branca. Enqua... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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O presidente e a primeira-dama se divertem ao verem uma criança fantasiada de papa, incluindo uma espécia de papamóvel durante evento de Halloweenno g... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Ao embarcar no Air Force One para viajar à Jamaixa, o presidente acena para cidadãos americanos enquanto um arco-íris enfeita o céu dos EUA Foto: Pete Souza/White House
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Além de se ajoelhar no Salão Oval para brincar com Ella Rhodes, filha do vice-conselheiro de Segurança Nacional Ben Rhodes, em 2015 Obamateve outra op... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Mostrando que mesmo eventos sérios podem ter momentos de descontração, Obama e a chanceler alemã, Angela Merkel, gesticulam um para o outro durante in... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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"As vezes, as melhores fotos não incluem Obama ou Michelle", diz Pete Souza.Na imagem, dezenas de convidados aguardam na Sala de Jantar de Estado da C... Foto: Amanda Lucidon/White HouseMais
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Na Páscoa de 2014, Souza capturou esta imagem de Obama, ao lado de alguém fantasiado de coelho, enquanto os dois ouviam o hino nacional dos EUA. O fot... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Em 2014, a Instituição Smithsonian instalou na Casa Branca um conjunto completo de câmeras e flash para capturar o rosto de Barack Obama e produzir um... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Durante encontro do G-20 na cidade austaliana de Brisbane, Obama teve a oportunidade de tirar fotos com um coala Foto: Pete Souza/White House
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Apesar de toda a responsabilidade do cargo, Obama sempre tem tempo para as filhas Sasha e Malia e para a mulher Michele. Na imagem ,ele e Sasha se div... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Era pra ser apenas um registro simples de Obama votando em Chicago, em 2014, não fosse o fato de Mike Jones (D), brincar ao dizer para o presidente "n... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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"Não façam orelhas de coelho" disse Obama para um grupo de alunos daescola infantil da base MacDill da Força Aérea, na Flórida. Foi praticamente uma a... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Essa é uma das imagens de Obama que viralizou na internet em 2014. Nela, o presidente americano cumprimenta um agente do serviço secreto que acabara d... Foto: Lawrence Jackson/White HouseMais
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Em visita ao Estado do Colorado, Obama disputa uma partida de bilhar com o governador John Hickenlooper na cidade de Denver. "O presidente ficou muito... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Obama posa para foto ao lado de um garoto que adormeceu durante evento no Dia dos Pais no Salão de Jantar de Estado da Casa Branca, em 2013 Foto: Pete Souza/White House
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"Qual a altura do teto do Salão Oval", perguntaram os filhos de Samantha Power e Cass Sunstein. Para responder, o presidente americano pegou uma bola ... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Para se esquentar em um dia frio, o presidente americano disputa uma corrida com os filhos de Denis McDonough nos arredores da Casa Branca enquanto se... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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A primeira-dama americana, Michelle Obama, tira uma selfie com Bo, um dos cachorros da família, para ser publicada na National Geographic Foto: Chuck Kennedy/White House
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Para desespero de seus seguranças, durante uma visita a cidade de Petra, na Jordânia, Obama e o professor Suleiman A.D. Al Farajat escolhem um caminho... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Obama encara seu cachorro, Bo, ao entrar no Salão Oval e perceber que seu amigo canino já estava ocupando uma de suas cadeiras Foto: Pete Souza/White House
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Observados pela filha Sasha e pelo vice-presidente Joe Biden, Obama e Michelle se beijam na "Kiss Cam" durante jogo das seleções dos EUA e do Brasil n... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Obama finge estar preso pela teia arremessada pelojovem Nicholas Tamarin, de 3 anos, que visitava a Casa Branca no Halloween de 2012. Nicholas é filho... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Obama se arrisca no microfone a canta 'Sweet Home Chicago' ao lado do rei do blues B.B King em show na Casa Branca, em 2012.Além de King, Troy 'Trombo... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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A primeira-dama, Michelle Obama, e o apresentadorJimmy Fallon disputam uma corrida no saco no Salão Leste da Casa Branca para comemorar os dois anos d... Foto: Chuck Kennedy/White HouseMais
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"Uma boa maneira para o presidentecomemorar o ano novo é entrar no mar em seu Estado de origem, o Havaí", descreve Souza. Na imagem, Obama toma um "ca... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Mostrando intimidade com os esportes, Obama faz um lançamento ara um soldado depois de jantar da Otan em Chicago. "Eu acho que ele estava especialment... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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No fim de 2011, por uma coincidência, no mesmo dia os fotógrafos da Casa Branca capturaram tanto Obama em uma guerra de pistola d'água com a filha Sas... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Em visita ao Rio de Janeiro, em 2011, apesar das preocupações com a segurança, Obama visitou a comunidade Cidade de Deus. Na imagem, um menino se esgu... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Ainda no Rio, a família Obama visitou o Cristo Redentor em uma noite, depois do jantar.Pete Souza capturou esta imagem depois de o local ser tomado po... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Na Casa Branca, Obama cumprimenta soldado ferido em combate (fora da imagem) ao mesmo tempo em que dá as mãos para uma criança que acompanha os pais n... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Durante evento para promover a iniciativa "Let's Move",da primeira-dama Michelle Obama,o mágico John Cassidy - detentor de várias marcas no Livro dos ... Foto: Chuck Kennedy/White HouseMais
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Em 2011, quando os técnicos da equipe de basquete de Sasha Obama não puderamir a um jogo, Barack não deixou a filha na mão e, ao lado de seu assistent... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Enquanto se dirigia para em evento no salão principal da Casa Branca, Barack era "escoltado" pelo fiel escudeiro Bo, um dos cachorros da família Foto: Pete Souza/White House
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Em evento na Casa Branca com membros eclesiásticos, Obama reza antes do café da manhã para dar graças pela refeição Foto: Pete Souza/White House
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Em 2010, Durante o Memorial Day - feriado em homenagem aos militares mortos em combate - Obama teve de suspender seu discurso em razão da forte chuva.... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Enquanto caminhava pelo vestiário da Universidade do Texas, o então diretor de viagens da Casa Branca, Marvin Nicholson, parou em uma balança para se ... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Esta imagem foi capturada em 29 de janeiro de 2010, pouco mais de 1 ano depois de Obama assumir a presidência dos EUA Foto: Pete Souza/White House
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Em um encontro no começo de 2009, a família Obama conheceu um cachorrinho que no primeiro encontro com a família correu por mais de uma hora no jardim... Foto: Pete Souza/White HouseMais
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Quando um funcionário temporário da Casa Branca levou a família para uma foto no Salão Oval, o filho dele contou ao presidente que tinha acabado de co... Foto: Pete Souza/White HouseMais
Legado. Representantes da Casa Branca disseram que Obama estava ciente de que seu discurso à ONU seria uma das últimas oportunidades de definir sua liderança no palco mundial. Obama reafirmou a crença na ideia de que conflitos são solucionados quando países cooperam, e deu como exemplos a disposição de dialogar com antigos adversários como Cuba e Mianmar durante seus mandatos.
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Diante dos 193 membros da Assembleia-Geral da ONU, Obama buscou definir em termos amplos um modelo para abordar outros conflitos ainda não resolvidos. Ele pediu que o mundo impusesse “consequências” à Coreia do Norte em razão de seu mais recente teste nuclear e, em termos menos diretos, pediu a Pequim que acatasse a recente decisão de um tribunal das Nações Unidas a respeito de suas pretensões territoriais no Mar do Sul da China.
Um dia antes de se reunir com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, o presidente americano estabeleceu um paralelo entre o conflito entre israelenses e palestinos e a necessidade de respeitar as minorias raciais nos Estados Unidos.
Obama afirmou também que ambos os lados se beneficiariam caso Israel reconhecesse que não pode ocupar permanentemente terras palestinas, e se palestinos rejeitassem o incitamento e reconhecessem a legitimidade de Israel. "Com certeza israelenses e palestinos estarão melhores caso palestinos rejeitem incitamentos e reconheçam a legitimidade de Israel, (e se) Israel reconhecer que não pode permanentemente ocupar e se estabelecer em território palestino", disse. /AP, REUTERS, AFP e EFE