WASHINGTON - O presidente dos EUA, Barack Obama, solicitou formalmente neste domingo, 18, a seu governo que adote os passos necessários para a suspensão das sanções americanas contra o Irã, em consequência do acordo nuclear assinado em 14 de julho por Teerã e as grandes potências.
Esgotou-se hoje o período de 90 dias após a adoção pelo Conselho de Segurança da ONU de uma resolução que aprovou o pacto diplomático. “Venho por meio deste memorando pedir que adotem todas as medidas adicionais apropriadas para a implementação efetiva dos compromissos americanos no acordo nuclear”, afirma Obama. O comunicado foi divulgado pela conta no Twitter criada pela Casa Branca sobre o acordo com o Irã.
No dia 13, o Parlamento iraniano aprovou o acordo nuclear. A votação ocorreu após o fracasso das tentativas dos republicanos de bloquear o acordo no Congresso dos EUA. Concluído em Viena, em julho, após dois anos de difíceis negociações, o pacto histórico abre caminho para a retirada das sanções econômicas internacionais impostas ao Irã, em troca de seu compromisso de abandonar qualquer projeto de armas nucleares e limitar o programa nuclear civil.
Inspeções. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), encarregada de investigar o programa nuclear do Irã, deve publicar no dia 15 de dezembro um relatório destinado a remover todas as dúvidas que ainda pairam sobre a questão. A União Europeia também anunciou hoje formalmente o fim das sanções ao país. A decisão, segundo diplomatas europeus, entrará em vigor em dezembro, após o sinal verde dado pelo informe da AIEA.
O fim das sanções permitirá que Teerã recupere sua economia, enquanto as grandes potências veem no acordo uma maneira de reduzir a ameaça nuclear em uma região atormentada por inúmeros conflitos.
O Irã notificou ontem à AIEA que aplicará de maneira provisória o protocolo adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), uma etapa crucial para a implementação do acordo. A aplicação do protocolo permite medidas mais amplas de controle por parte da AIEA.
Jornalista. O chanceler iraniano, Mohame Javad Zarif, disse ontem que busca uma “solução humanitária” para o caso do jornalista Jason Rezaian, do Washington Post. Rezaian, de 39 anos, foi preso em casa no dia 22 de julho de 2014. Ele é acusado de praticar espionagem e fazer propaganda contra o governo do Irã.
O governo americano qualificou como “absurdas” as acusações contra o jornalista. Em março, Obama pediu ao governo iraniano que libertasse Rezaian. Em maio, o Senado americano aprovou uma resolução para pedir a libertação de três americanos detidos no Irã, incluindo Rezaian. No entanto, Teerã, que não reconhece a dupla cidadania do jornalista, afirma que o caso é de competência exclusiva da Justiça do país. / REUTERS e NYT