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Obama elogia papel de Mujica na defesa dos direitos humanos no Uruguai

Presidente americano diz que colega uruguaio é defensor dos direitos humanos

Por CLÁUDIA TREVISAN e CORRESPONDENTE
Atualização:

(Atualizada às 17h35)

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WASHINGTON - Em sua primeira visita oficial a Washington, o presidente do Uruguai, José Mujica, foi chamado de líder da defesa dos direitos humanos nas Américas por seu colega Barack Obama, durante encontro na Casa Branca. O dirigente dos EUA se disse impressionado pelo progresso do Uruguai em anos recentes e ressaltou que os dois países podem trocar experiências sobre como lidar com sociedades diversas.

"A primeira coisa que ele me disse é que meu cabelo ficou muito mais grisalho", comentou Obama diante de repórteres que acompanhavam o início de sua conversa com o uruguaio. "O presidente Mujica pessoalmente tem uma extraordinária credibilidade quando se trata de democracia e direitos humanos, dados seus fortes valores e história pessoal, e é um líder nessas questões em todo o hemisfério", disse o americano.

Mujica afirmou que está nos Estados Unidos em busca de "conhecimento" e pesquisa na área de ciências biológicas, principalmente relacionados à agricultura. "Nós temos que lutar para dar às crianças das novas gerações novas capacitações, novos conhecimento. E essa vai ser a melhor maneira de espalhar liberdade, independência e direitos."

Obama declarou que os dois países têm interesse em expandir o comércio bilateral e promover intercâmbio de alunos e professores. "Eu quero escutar do presidente Mujica ideias adicionais sobre como podemos fortalecer a tendência de democratização e direitos humanos no hemisfério", observou Obama.

A imprensa acompanhou apenas os 17 minutos iniciais do encontro, previsto para durar uma hora. Depois da defesa do acesso ao conhecimento, Mujica se dedicou a falar dos danos do tabaco. "No mundo, 8 milhões de pessoas morrem em razão do fumo" a cada ano. "Isso é homicídio", ressaltou, acrescentando que há um "luta árdua" contra interesses de grandes corporações.

No período da reunião acompanhada por jornalistas, não houve referencia à oferta de Mujica de receber cinco detentos da prisão de Guantánamo, mas havia a expectativa de que o assunto fosse discutido na parte fechada do encontro.

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Analistas esperavam que a descriminalização da maconha tivesse lugar de destaque no encontro, mas Mujica decidiu atacar a indústria do tabaco e pedir apoio à sua cruzada contra o cigarro.

O Uruguai trava uma disputa com a Philip Morris, que acusa o país de adotar regulações sobre o fumo que violam tratados internacionais. A maior fabricante de cigarros do mundo pede indenização de US$ 25 milhões, em um caso que é analisado pelo Centro Internacional para Solução de Disputas sobre Investimentos, ligado ao Banco Mundial.

Essa foi a primeira ação da indústria do tabaco contra um país e seu resultado influenciará divergências sobre a regulação do cigarro em outras partes do mundo.

No encontro com Obama, Mujica ressaltou que 8 milhões de pessoas morrem a cada ano no mundo vítimas do cigarro, número que supera os mortos nas duas guerras mundiais do século 20. "Isso é homicídio", afirmou, depois de admitir que é um "velho fumante".

O presidente do Uruguai disse que trava uma "dura guerra" contra "fortes interesses". Mujica afirmou que governos não deveriam se envolver em litígios privados, mas ressaltou que no caso do fumo, a "luta" é pela vida.

Fiel a seu apego à informalidade e simplicidade, Mujica estava sem gravata. Além de Obama, participaram do encontro o vice-presidente, Joe Biden, o secretário de Estado, John Kerry, e a chefe do Conselho de Segurança Nacional, Susan Rice.

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