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Obama espera que visita a Cuba seja prenúncio de mudança política

Por Julie Hirschfeld Davis e NYT
Atualização:

A viagem de Obama, que tem um enorme significado simbólico, representa o início de uma nova era de aproximação entre Estados Unidos e Cuba que poderá abrir as comportas do comércio e do turismo e já desbloqueou os canais diplomáticos há tanto tempo brutalmente fechados. Mas ela também evidencia os profundos desacordos que persistem entre dois países separados por apenas 150 quilômetros, mas com um enorme distanciamento ideológico.

O presidente está determinado a pôr fim a essas disputas e a fazer tudo o que puder para tornar irreversível a política de mudanças que ele desencadeou há 15 meses animado pelas evidências de que a população americana esperava ardentemente um novo enfoque com relação à ilha. Obama e seus assessores apontam para as pesquisas de opinião indicando que os americanos - incluindo as maiorias dos dois partidos políticos - se mostraram favoráveis ao restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba, o que ocorreu em julho, como também à suspensão do embargo contra o país.

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Críticos, incluindo alguns do próprio Partido Democrata, de Obama, têm rechaçado a estratégia do presidente, qualificando-a de ingênua e perigosa e afirmando que o presidente endossou um regime brutal, citando o recente aumento de detenções de ativistas cubanos contrários ao governo.

A política adotada por Obama no fundo implica uma aposta de que a normalização das relações acabe por forçar mudanças no governo cubano alimentando as esperanças dos seus cidadãos, particularmente uma geração mais jovem mais interessada em ter acesso à internet e às oportunidades de negócios do que nas queixas contra os Estados Unidos.

Mas a desconfiança dos Estados Unidos ainda é forte em Cuba. Este mes, o Granma, jornal oficial do Partido Comunista, publicou um longo editorial advertindo que Obama não deve esperar que Cuba “abandone seus ideais revolucionários”, como parte da abertura.

Carlos Gutierrez, republicano nascido em Havana, que foi secretário do Comércio durante o governo do presidente George W. Bush, chairman do Allbright Stonebridge Group e do US-Cuba Business Council, elaborou um extenso relatório em 2006 pedindo um fim do “eixo liderado por Castro” e um endurecimento das sanções contra Cuba. Mas hoje ele acha que a alternativa de Obama tem melhores chances de provocar mudanças na ilha.

Gutierrez acompanha Obama na viagem juntamente com dezenas de membros do Congresso que insistem no fim do embargo e líderes empresariais que planejam fechar negócios em Cuba neste ínterim.

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“Os cubanos não têm certeza das intenções dos Estados Unidos, se o que está sendo feito é um cavalo de Troia ou uma política secreta que visa uma mudança do regime”, disse Gutierrez em uma entrevista. “O grande desafio do presidente será aos poucos eliminar a tremenda desconfiança que persiste entre nossos dois países.”/ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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