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Obama pede tolerância com imigrantes

Em cerimônia de concessão de cidadania, Obama compara sírios que fogem da guerra a judeus perseguidos

Por Cláudia Trevisan , CORRESPONDENTE e WASHINGTON
Atualização:

Em meio a uma campanha eleitoral na qual a questão dos refugiados e dos imigrantes se transformou em um dos temas mais controvertidos, o presidente Barack Obama comparou nesta terça-feira os sírios que fogem da guerra civil em seu país aos judeus perseguidos durante a 2.ª Guerra e pediu aos EUA que não sucumbam à intolerância e ao ódio.

Sem mencionar Donald Trump e suas propostas de deportar imigrantes ilegais e barrar a entrada de muçulmanos no país, Obama disse que os americanos não devem fazer divisões entre “nós” e “eles”, esquecendo-se que no passado também foram “eles”.

As brasileiras Patrícia (E) e Yvonne receberam a cidadania americana na presença de Obama Foto: Cláudia Trevisa|Estadão

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“A imigração é a história da nossa origem”, afirmou, durante cerimônia de concessão de cidadania americana a 31 pessoas, entre as quais, duas brasileiras – Yvonne de Jesus e Patrícia Varajão Vieira da Silva. A cerimônia foi realizada no Arquivo Nacional, na sala onde estão os originais da Constituição, da Declaração da Independência e da Declaração de Direitos.

Segundo Obama, houve momentos no passado em que os EUA traíram os princípios consagrados nesses documentos. Entre eles, o presidente citou a prisão de nipo-americanos em campos de concentração durante a 2.ª Guerra. Implementada durante o governo do democrata Franklin D. Roosevelt, a decisão foi mencionada por Trump na defesa de sua proposta de barrar a entrada de muçulmanos nos EUA. “Sucumbimos ao medo”, declarou Obama, em relação ao confinamento de japoneses. “Traímos não apenas nossos companheiros americanos, mas nossos mais profundos valores.”

A brasileira Yvonne de Jesus chegou aos EUA em 1988 e trabalhou durante 13 anos como empregada doméstica de um congressista no Estado da Virgínia, o que lhe deu o direito de residir legalmente no país. “Quase chorei na frente de Obama”, disse ao Estado, lembrando o momento anterior à cerimônia no qual o presidente cumprimentou os 31 futuros cidadãos. Formada em jornalismo, Patrícia chegou aos EUA há dez anos, para estudar inglês. Em 2009, casou-se com um americano, o que abriu a possibilidade de obtenção da cidadania.

Nascida no Peru há 27 anos, Lorella Praeli simbolizava na cerimônia os cerca de 11 milhões de imigrantes que vivem sem documentos no no país. Ela foi levada aos EUA pelos pais quando tinha 10 anos. Alguns anos mais tarde, se tornaria defensora de uma reforma migratória que abrisse caminho para a cidadania aos que viviam irregularmente no país. Há quase quatro anos, casou-se com um americano, o que lhe deu o direito de residir legalmente nos EUA.

Com a cidadania, ela se prepara para votar pela primeira vez nas eleições presidenciais de 2016. O voto irá para sua chefe, Hillary Clinton – Praeli é responsável pelo contato da candidata democrata com a comunidade latina. “Há 11 milhões de pessoas que não são criminosas, que não são ‘violadores’ como dizem alguns candidatos, mas são parte de nosso país”, disse, referindo-se a declarações de Trump sobre imigrantes. O novo status permitirá que a assessora de Hillary solicite o direito de residência para a mãe, Chela, e o pai, Carlos Manuel. Chela vive ilegalmente nos EUA e o pai mora no Peru.

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