Obama progride com Cuba e Irã, mas encontra dificuldades em combater o EI

Apesar das conquistas, presidente americano também enfrenta muitos obstáculos com relação ao controle de armas e à chegada de imigrantes

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Por Redação
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WASHINGTON - Para o presidente dos EUA, Barack Obama, 2015 foi um ano de progressos com Cuba e Irã, mas também de estagnação em assuntos como o conflito na Síria, a luta contra o grupo Estado Islâmico (EI), o controle de armas no país e a imigração.

No fim de junho, o líder viveu alguns dos melhores dias de seu mandato, graças a duas importantes decisões judiciais da Suprema Corte sobre a reforma na saúde e o casamento gay. O tribunal se colocou ao lado de Obama, o primeiro presidente do país a defender a união entre homossexuais e legalizá-la em todo o território americano.

O presidente dos EUA, Barack Obama, durante pronunciamento no Pentágono Foto: EFE/Olivier Douliery

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Obama também mostrou que a aposta pela diplomacia em vez do isolamento ou enfrentamento funcionou, ao menos nos casos de Cuba e Irã.

As embaixadas de Washington e Havana foram reabertas após mais de meio século de ruptura diplomática. Além disso, Obama e o presidente de Cuba, Raúl Castro, realizaram dois encontros de alto nível desde então.

Mas o restabelecimento completo das relações será longo e complexo, dada a persistência do embargo econômico dos EUA sobre a ilha, as diferenças sobre os direitos humanos e a reivindicação cubana sobre o território de Guantánamo.

Com o Irã, Obama também está no início de um processo igualmente difícil, após o histórico acordo nuclear firmado em julho em Viena entre o país e o Grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha).

O pacto com o Irã, cujo objetivo é controlar as atividades nucleares de Teerã para que o país não desenvolva armas nucleares, prejudicou a relação de Obama com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e com os republicanos, que fracassaram na tentativa de bloquear o pacto no Congresso.

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Terrorismo. No segundo semestre de 2015, a situação do governo americano se complicou na Síria com a entrada da Rússia no conflito armado. Além disso, a ameaça do EI se tornou muito mais forte após os atentados de Paris e o massacre de San Bernardino, na Califória.

Os autores do ataque, o pior ato de terrorismo em solo americano desde os atentados de 11 de setembro de 2001, eram seguidores do grupo extremista, segundo afirma a organização jihadista.

Para Steffen Schmidt, professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Iowa, a "Síria foi abandonada por Obama". "O presidente divagou diante do conflito no país e, sem uma política clara, engendrou em certo modo sobre o EI", disse.

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Após os ataques de Paris e San Bernardino, Obama realizou um raro pronunciamento em horário nobre para defender sua estratégia contra o EI e disse que seria "um erro" enviar um grande número de tropas à Síria para combater os jihadistas por terra, como no Iraque e no Afeganistão.

Ainda neste ano, Obama teve que admitir que não vai poder encerrar a Guerra do Iraque, onde os EUA mantêm militares para assessorar as forças locais que combatem o EI. O mesmo ocorre no Afeganistão, já que o último plano anunciado é que pelo menos 5.500 soldados sigam no país até janeiro de 2017, quando ele deixa a Casa Branca.

Balanço. A maior frustração de seus quase sete anos de mandato, porém, continua não ter conseguido aprovar leis para melhorar o controle sobre o comércio de armas de fogo no território americano.

Para Schmidt, entre os "melhores momentos" de Obama em 2015 está sua "indignação", expressada publicamente, após tiroteios como o de junho contra uma igreja da comunidade negra de Charleston, na Carolina do Sul, onde morreram nove pessoas, ou o de outubro contra a Universidade de Umpqua, no Oregon.

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Também não houve avanços em 2015 sobre as medidas executivas anunciadas por Obama em 2014 para regularizar temporariamente milhões de imigrantes ilegais. Vários estados entraram com ações contra o projeto, que agora está na Suprema Corte.

Por outro lado, o presidente americano está preparando um novo plano para tentar fechar a prisão de Guantánamo, em Cuba, algo que promete se transformar em seu maior desafio interno em 2016, ao lado do objetivo de promover reformas no sistema de justiça penal. /EFE

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