ONU acusará governo de Maduro por reprimir manifestantes

Comitê das Nações Unidas quer explicações do presidente venezuelano sobre uso excessivo de força de policiais 

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Por Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro Foto: Lucas Jackson/Reuters

GENEBRA - A ONU acusará o governo de Nicolás Maduro de repressão contra manifestantes no primeiro semestre do ano e cobrará explicações sobre o uso de munições, tortura e força excessiva da polícia durante os protestos entre fevereiro e julho deste ano em Caracas e outras cidades.

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Nesta quinta-feira, 4, em Genebra, ocorre uma sessão do Comitê contra a Tortura. O Estado obteve a documentação preparada para a audiência, que revela a preocupação das Nações Unidas com violações de direitos humanos cometidos pelo governo venezuelano.

Em uma das acusações, a ONU exige uma resposta sobre "supostos atos de tortura e maus-tratos por parte de oficiais da Guarda Nacional Bolivariana contra detidos durante as manifestações, como os ocorridos com Daniel Quintero no dia 21 de fevereiro em Maracaibo, Juan Manuel Carrasco no dia 13 de fevereiro em Valencia, José Alejandro Márquez em 23 de fevereiro, Luis Alberto Gutierrez Prieto em 19 de fevereiro em San Antonio de los Altos e Marvinia Jimenez em 24 de fevereiro em Valencia".

Outro capítulo das acusações é sobre o uso excessivo da força por parte da polícia contra os manifestantes. A ONU vai exigir explicações sobre "o uso desproporcional da força, armas de fogo e gases lacrimogêneos por parte de agentes de segurança do Estado no controle das manifestações que ocorreram desde 4 de fevereiro".

A ONU também deve cobrar uma resposta de Maduro diante de "agressões e ameaças contra jornalistas enquanto cobriam os protestos".

Munição. A ONU ainda vai utilizar um informe elaborado pela Anistia Internacional, que também aponta para crimes cometidos pelo governo venezuelano. Segundo a entidade, as forças de ordem não apenas usaram armas de fogo, mas também munições e até balas que se expandem.

Outra acusação da Anistia é que algumas mortes foram causadas por tiros disparados à curta distância. No total, 90 pessoas foram atingidas por disparos.

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Um dos casos levados à ONU é o de Anthony Carrero, atingido por uma bala em 19 de março quando a Guarda Nacional Bolivariana tentava dispersar manifestantes. Segundo ele, a equipe médica que o atendeu decidiu dar alta com rapidez para evitar represálias. A pressa o obrigou a ser operado meses depois.

No total, a ONU conta 43 mortos e 870 feridos como resultado dos confrontos na Venezuela.

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