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ONU buscará autores de ataques químicos na Síria

Conselho de Segurança aprova resolução concedendo mandato para uma investigação; EUA e Rússia temem que EI tenha acesso a arsenais

Por JAMIL CHADE , CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

GENEBRA - Os 15 países do Conselho de Segurança da ONU aprovaram nesta sexta-feira, 7, uma resolução dando um mandato à entidade para que investigue os autores de ataques com armas químicas na guerra civil Síria. O secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, e a Organização para a Proibição de Armas Químicas ficarão encarregados de elaborar um plano para conduzir o inquérito especial, que deve começar já em setembro. 

Enquanto americanos e russos não chegam a um acordo sobre como acabar com a guerra na Síria, desde 2013 existe um entendimento entre a Casa Branca e o Kremlin para eliminar o arsenal químico sírio. No total, mais de 1,1 mil tonelada de agentes químicos usados na produção de armamentos proibidos já foram destruídos na Síria desde então.

 

Desde 2013 existe um entendimento entre a Casa Branca e o Kremlin para eliminar o arsenal químico sírio Foto: Ammar Abdullah / Reuters

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Mas o que não existia era um entendimento de que fosse necessário investigar quem foram os autores dos ataques já registrados. 

“A resolução teve apoio unânime do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que envia um sinal claro de que todos os envolvidos em ataques químicos enfrentarão a Justiça”, declarou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power.

Para conseguir a aprovação do texto sem vetos ou abstenções, foram necessários meses de negociações diplomáticas. Os Estados Unidos acusavam o governo de Bashar Assad pelos crimes, enquanto a Rússia insistia que os ataques químicos tinham sido lançados por rebeldes que desde 2011 combatem o regime na guerra civil. 

Mudança. Tanto americanos quanto russos, no entanto, temem que o Estado Islâmico (EI) ganhe acesso aos arsenais químicos ainda existentes. Segundo ativistas sírios e grupos de médicos, o uso de agentes químicos nos combates não parou após o acordo firmado entre as potências. 

Um dos supostos ataques registrados foi contra curdos, numa iniciativa que teria sido organizada pelo próprio EI como parte do avanço do grupo extremista pelo norte da Síria.

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Capital. Em agosto de 2013, um ataque com armas químicas em um subúrbio de Damasco deixou centenas de mortos, segundo uma investigação conduzida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito dos Crimes na Síria, da ONU, em Genebra. Na época, o inquérito não chegou a identificar os autores dos ataques. 

Apesar das diversas investigações das Nações Unidas que revelaram que, de fato, armas químicas foram usadas no conflito, até agora, não havia um mandato para também investigar os autores dos ataques.

Mas, em alguns dos casos, especialistas militares sugeriram que apenas um governo dotado de uma força aérea teria a capacidade de conduzir tais ataques.

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