ONU condena violações de direitos humanos na Bielo-Rússia

Relator das Nações Unidas apontou abusos contra oposicionistas e imprensa

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O relator especial da ONU para os Direitos Humanos na Bielo-Rússia, Adrian Severin, condenou hoje a intensificação das violações dos direitos humanos no país nas vésperas das eleições presidenciais de domingo, e pediu ao governo que coloque fim aos abusos imediatamente. Severin denunciou abusos cometidos contra a imprensa independente, os candidatos à Presidência nos partidos da oposição, seus partidários e os defensores dos direitos humanos, e pediu ao Governo bielo-russo que coloque fim a essa "campanha de agressão". O relator também expressou, através de um comunicado à imprensa, sua "profunda preocupação" com a detenção e agressões contra o candidato Alexander Kazulin, a prisão de Vincuk Viachorka, conselheiro do candidato Alexander Milinkevich, e com os "vários" casos de detenções, julgamentos e maus-tratos a ativistas políticos independentes, jornalistas e meios de comunicação do país. Severin denunciou a perseguição ao Comitê bielo-russo de Helsinque, a única organização nacional de direitos humanos que continua funcionando no país, e que desde janeiro de 2004 sofre controle constante por suposta evasão de impostos, violação de regulamentos e difamação. O relator da ONU também exigiu a libertação "imediata e incondicional" de todos os opositores políticos, o fim das transgressões contra a liberdade de expressão e de reunião e a garantia de que as eleições serão desenvolvidas conforme os padrões internacionais. Ameaça de golpe Ignorando os alertas da ONU, o Comitê de Segurança de Estado da Bielo-Rússia ameaçou opositores nesta quinta-feira sob a alegação de que "quem sair às ruas e tentar desestabilizar a situação em 19 de março (o dia da eleição) será tachado de terrorista, e poderá ser punido a uma pena de 8 a 25 anos de detenção, prisão perpétua ou pena de morte". Para o chefe do comitê, Stepan Sukhorenko, a oposição planeja tomar violentamente o poder e cometer atentados terroristas durante as eleições presidenciais. Segundo ele, funcionários das embaixadas da Geórgia, Lituânia e Ucrânia estariam envolvidos em um plano para tomar o poder. Sukhorenko afirmou que parlamentares e voluntários georgianos pretendem causar desordens na noite das eleições presidenciais. "O presidente do Comitê de Defesa e Segurança do Parlamento georgiano disse que a noite de 19 de março será de facas", afirmou. O presidente bielo-russo, Alexandr Lukashenko, no poder desde 1994, é o favorito à vitória em uma eleição que terá quatro candidatos. Mais de 7 milhões de eleitores foram convocados às urnas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.