Oposição diz que alguns russos foram obrigados a votar em eleição presidencial

Segundo assessor do líder opositor Alexei Navalni, objetivo de Kremlin era garantir que vitória de Putin não fosse manchada por baixo comparecimento às urnas; autoridades admitem que eleitores estavam relutantes em votar, mas dizem que disputa foi justa

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Por Redação
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GRYAZI, RÚSSIA - Oponentes do presidente russo, Vladimir Putin, alegam que eleitores foram obrigados a comparecer aos locais de votação nas eleições presidenciais deste domingo, 18, em uma campanha do Kremlin para garantir que a vitória de Putin não fosse manchada por um baixo comparecimento às urnas.

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Ivan Zhdanov, assessor do líder opositor Alexei Navalni, que foi impedido de participar da corrida presidencial, disse que os partidários de Navalni que monitoram a votação relataram que as pessoas foram levadas aos postos de votação por seus empregadores.

Ivan Zhdanov, assessor de Alexei Navalni, opositor russo impedido de participar da corrida presidencial, disse que várias pessoas foram levadas aos centros de votação por empregadores Foto: AFP PHOTO / Maxim ZMEYEV

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“Nós chamamos isso de ‘eleição de ônibus fretado’”, disse Zhdanov. “Algumas organizações, alguns ônibus, estão trazendo enormes quantidades de pessoas.”

Autoridades do Kremlin reservadamente admitem que alguns eleitores estavam relutantes em comparecer e votar, mesmo que apoiem Putin, porque acreditam que sua vitória já esperada. As autoridades, no entanto, dizem que a votação foi justa.

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Ella Pamfilova, chefe da comissão que organiza a votação em todo o país, disse que qualquer fraude seria reprimida. Ela disse que os que alegam que a eleição é fraudada são tendenciosos contra a Rússia.

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Repórteres da agência Reuters em seções eleitorais em vários lugares da Rússia falaram com vários eleitores que disseram terem sido instruídos por chefes ou supervisores acadêmicos a votar. Muitos tiraram fotos de si mesmos votando, dizendo que as fotos eram necessárias como prova.

Em um caso, um alto funcionário eleitoral que inspecionou uma seção de votação disse que não deveriam ser permitidas fotos da votação, e ordenou que os mesários reprimissem a prática.

Natalia Lobzhanidze é a diretora da Escola no. 3 em Ust-Djeguta, na região de Karachayevo-Cherkessia, no sul da Rússia, que abriga a seção de votação número 215. “Uma menina veio da (capital regional) Cherkessk, tiramos uma foto dela porque seus chefes pediram a ela comprovasse (ter votado)”. / REUTERS

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