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Oposição na Venezuela convoca protestos após indiciamento de líder

Justiça decide que Leopoldo López, detido há três meses, será julgado por atos de violência durante manifestações de fevereiro

Atualização:
David Smolansky (C), opposition mayor of a district of Caracas, talks to the media next to Venezuelan opposition leader Maria Corina Machado (2nd R) during a news conference at the headquarters of political party Popular Will (Voluntad Popular) in Caracas June 5, 2014. Opposition leader Leopoldo Lopez, jailed in February for leading the protests, was being held in isolation in a military prison by the socialist government of President Nicolas Maduro, the International Commission of Jurists (ICJ) said. A judge in Caracas ruled on Thursday that Lopez should face trial on charges including instigating arson and damage in connection with the protests. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins (VENEZUELA - Tags: POLITICS) Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

CARACAS - A oposição venezuelana reagiu e prometeu nesta quinta-feira, 5, voltar a pôr milhares de manifestantes nas ruas contra a decisão da Justiça de indiciar o líder opositor Leopoldo López. Detido há mais de três meses, ele teve o pedido de liberdade condicional negado e será julgado por atos de violência durante os protestos de fevereiro. Se condenado, poderá pegar até 13 anos de prisão. 

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A decisão foi anunciada na madrugada de quinta após três dias de audiência para analisar o pedido do Ministério Público. López foi indiciado por crimes de dano ao patrimônio público, associação para delinquir, incêndio e incitação ao crime. Também foram acolhidas acusações semelhantes contra quatro estudantes presos com ele. 

O Vontade Popular (VP), do qual López é dirigente, convocou manifestações para as “principais cidades do país para definir com os venezuelanos uma nova etapa de luta” contra o governo, declararam o coordenador político nacional do VP, Freddy Guevara, e o prefeito de El Hatillo, David Smolansky. 

Ao lado da deputada venezuelana cassada María Corina Machado, independente, os dois pediram que os manifestantes se reunissem às 10 horas (horário local) de domingo na Praça José Martí, em Caracas, onde López se entregou à polícia, em 18 de fevereiro. “Fazemos um chamado ao povo da Venezuela para que no domingo dê uma demonstração de coragem, valentia e compromisso de luta.”

Após ser indiciado, López divulgou uma carta na qual acusa a juíza Adriana López, responsável por julgar o processo, de “vender sua consciência ao poder corrupto” ratificando a medida de mantê-lo preso. 

Ele fez acusações também ao presidente Nicolás Maduro “Tem razão de ter medo. Com todo seu abuso de poder, sua corrupção e antidemocracia não poderá fazer nada contra o bravo povo da Venezuela, que unido conseguirá derrotar a ditadura pelo caminho popular, democrático e constitucional.”

Em nota, o Ministério Público afirmou que o opositor continuará detido no presídio militar Ramo Verde. A audiência começou na segunda-feira. A defesa do opositor exibiu oito casos ao longo dos últimos anos na qual a Justiça venezuelana não determinou a prisão de acusados por casos similares, mas a juíza, nomeada pelo chavismo, não acatou a argumentação.

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Desde fevereiro, há uma onda de protestos na Venezuela de estudantes universitários e opositores ao governo que reclamam, entre outros, da violência, do desabastecimento e da alta inflação que afetam o país - em março, ela alcançou uma taxa de 59%. Episódios de violência relacionados às manifestações deixaram 42 mortos e 835 feridos. Permanecem detidos desde então 213 manifestantes.

Conspiração. O governo diz que os protestos são parte de uma conspiração apoiada pelos Estados Unidos para derrubar Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, morto ano passado. Nesta quinta, Washington comentou o indiciamento de López e afirmou que ele é “prejudicial” ao diálogo entre a oposição e o governo para atenuar a crise política (mais informações nesta página). 

Segundo a porta-voz adjunta do Departamento de Estado, Marie Harf, para os EUA, “o diálogo é o caminho a seguir” na Venezuela e “não as prisões políticas, nem a tentativa de criminalizar a dissidência”. “Mas não temos visto o governo comprometido significativamente com isso.”. / AFP, REUTERS e EFE

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