ANCARA - O Partido Republicano do Povo (CHP), segundo em número nas cadeiras no Parlamento da Turquia, oficializou nesta terça-feira, 18, o pedido de anulação do referendo sobre a reforma constitucional do país realizado no último domingo e pediu que a votação seja repetida em razão de irregularidades que teriam ocorrido na contagem dos votos.
"Essa eleição não é válida, não é legítima. Para acabar com esta ilegalidade solicitamos ao Conselho Eleitoral Supremo que anule o referendo", declarou o vice-presidente do CHP, Bulent Tezcan, depois de protocolar o pedido de impugnação.
O político social-democrata informou que no pedido de anulação da votação está a argumentação de que foram validados milhares de votos que não contavam com o carimbo obrigatório das respectivas mesas eleitorais em seu envelope. "O conselho não eliminou os envelopes sem o carimbo. Não foram separados e todos os envelopes foram contabilizados", explicou Tezcan, dizendo que agora é impossível saber qual cédula veio de um envelope válido ou não.
Por este motivo, o CHP exige que a votação seja realizada novamente. No último domingo, o "sim" à reforma constitucional que substitui o parlamentarismo pelo presidencialismo e amplia os poderes do presidente Recep Tayyip Erdogan foi aprovado com 51,4% dos votos.
Apesar de os resultados oficiais ainda não terem sido divulgados, estima-se que a diferença de votos em números absolutos foi de aproximadamente 1,25 milhão. O CHP alega, porém, que ao menos 2,5 milhões de cédulas em envelopes sem o carimbo oficial foram considerados na apuração.
Na segunda-feira, a missão de observadores eleitorais da Organização para a Cooperação e Segurança em Europa (OSCE) afirmou que a decisão do Conselho Eleitoral de validar estes votos, tomada depois do início da apuração, "vai contra uma importante medida de segurança" e era "contrária à lei".
O Conselho descartou, porém, que os votos sem o carimbo oficial tenham sido falsificados. O presidente do órgão, Sadi Guven, afirmou que o "desconhecimento ou negligência" dos componentes das mesas eleitorais fez com que as envelopes sem a marcação fossem aceitos na apuração e disse que esta "não foi a primeira vez que uma decisão do tipo foi tomada no país". / EFE