CARACAS - A coalizão venezuelana de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD) enviou nesta quarta-feira, 30, uma carta à ONU e à Organização dos Estados Americanos (OEA) condenando a possibilidade de impugnação de nove candidatos eleitos pela aliança para o Legislativo do país. O documento também foi enviado à União de Nações Sul-americanas (Unasul) e ao Mercosul.
O pedido foi feito pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), na terça-feira, ao Tribunal Superior de Justiça (TSJ) venezuelano. Os chavistas acusam a oposição de ter se beneficiado de irregularidades para conseguir eleger parte de seus representantes. A MUD conseguiu vitória expressiva na eleição legislativa realizada no dia 6, ficando com 112 das 167 cadeiras da Assembleia Nacional.
A posse dos novos deputados está marcada para a terça-feira 5. Caso o TSJ atenda ao pedido do PSUV, os nove parlamentares não poderão ser diplomados e a oposição perderá, assim, a maioria de dois terços conseguida no Legislativo, com poderes mais amplos, passando a ter maioria de três quintos.
O secretário-geral da coalizão opositora, Jesús “Chuo” Torrealba, anunciou o envio do documento às organizações internacionais como um sinal de alerta e pedido de ajuda. O texto afirma que o chavismo está tentando aproveitar o período anterior à posse da nova Assembleia para “pedir uma decisão a magistrados que são, ao mesmo tempo, juízes e partes”.
A referência é à nomeação, anunciada semana passada, de novos juízes para a composição da corte pela Assembleia ainda dominada pelos chavistas. Sessões extraordinárias foram convocadas pelo presidente da Casa, Diosdado Cabello, durante quase todo o período que seria de recesso este mês.
O líder opositor do partido Primeiro Justiça e candidato derrotado pelo presidente Nicolás Maduro nas eleições de 2013, Henrique Capriles, condenou o pedido de impugnação das candidaturas e disse que “nossos deputados não deixarão que outro poder obstrua o mandato popular”.
Maduro foi à TV no início da madrugada desta quarta (horário de Brasília) para dizer que a oposição “joga sujo” e afirmar que “irregularidades” nas eleições serão investigadas. O presidente também anunciou a criação de um congresso de movimentos sociais para “renovar” o bolivarianismo. / AFP