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Oposição venezuelana nomeia juízes nesta sexta-feira em ofensiva contra Maduro

Objetivo da criação de uma Suprema Corte paralela é pressionar presidente chavista a desistir da eleição de uma Assembleia Constituinte

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - A oposição venezuelana nomeará nesta sexta-feira, 21, no Parlamento, onde é maioria, uma Suprema Corte paralela em sua ofensiva para forçar o presidente Nicolás Maduro a suspender a eleição de uma Assembleia Constituinte.

"Vamos manter a pressão. Nomearemos os juízes e, no sábado, retornaremos às ruas. A próxima semana será crucial para a mudança na Venezuela e para revertermos essa falsa Constituinte", declarou o deputado opositor Freddy Guevara.

Maduro enfrenta uma forte pressão internacional para desistir da Assembleia Constituinte Foto: Miraflores Palace/Handout via REUTERS

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Os deputados da oposição farão uma sessão parlamentar pública em uma praça no leste de Caracas, onde irão nomear 33 magistrados para integrar a Suprema Corte paralela.

Na véspera, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) declarou nulo o processo por considerar que o Congresso continua em "desacato" desde que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) assumiu em janeiro de 2016. "Qualquer um que assumir indevidamente funções públicas - civis, ou militares -, será culpado do crime de usurpação", declarou o TSJ.

O poderoso líder chavista Diosdado Cabello, candidato à Assembleia Constituinte, ameaçou prender os "usurpadores" após a eleição da Constituinte. "A ditadura nos acusa de montar um 'Estado paralelo'. Quem usurpou as funções do Parlamento? Nós somos o Estado constitucional", disse Guevara.

Na quinta-feira, uma greve geral que durou 24 horas deixou dois mortos, elevando para 99 o número de vítimas em quase quatro meses de protestos contra o governo chavista. Um deles foi identificado como Ronney Tejera, de 24 anos, que participava de uma manifestação no bairro de Los Teques, em Caracas, quando foi "atingido por arma de fogo, ação que provocou sua morte imediata", segundo a Procuradoria, que não identificou os responsáveis. Andrés Uzcátegui, de 23 anos, morreu em La Isabelica, na cidade de Valencia.

Confrontos entre as forças de segurança e manifestantes foram relatados durante a paralisação em Caracas e em outras cidades, com um saldo de mais de 200 detidos, especialmente na capital e nos Estados de Zulia, Nueva Esparta e Carabobo, de acordo com a ONG Foro Penal.

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Até a madrugada desta sexta-feira, pequenos grupos de manifestantes bloqueavam algumas ruas com barricadas. A oposição estima que 85% dos trabalhadores aderiram à greve geral, com o comércio fechado e a circulação dos transportes públicos parcialmente afetada. De acordo com Maduro, a paralisação foi um fracasso, porque setores-chave da economia, como a indústria do petróleo, operaram a 100%.

A oposição segue animada pelos mais de 7 milhões de votos obtidos no plebiscito simbólico organizado no domingo contra a Assembleia Constituinte, cujos 545 membros serão eleitos no dia 30 de julho. Os opositores devem boicotar a Constituinte, argumentando que não foi convocada por meio de um referendo e seu sistema eleitoral é "fraudulento".

Maduro enfrenta uma forte pressão internacional, já que governos da América Latina, União Europeia e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pedem que ele desista do projeto de Constituinte. / AFP

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