Oposição venezuelana quer comissão para discutir o Essequibo

Partido Primero Justicia acusa presidente de politizar disputa e pede patrulha marítima em área sob litígio com a Guiana

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Atualização:
Maduro discursa em evento em Caracas Foto: Miguel Gutierrez/Efe

CARACAS - A oposição venezuelana anunciou no domingo que planeja designar uma negociador em tempo integral com a Guiana para discutir a polêmica sobre a região do Essequibo. A iniciativa é do partido Primero Justicia, do governador de Miranda, Henrique Capriles, que defendeu a criação de uma patrulha marítima na área sob disputa e a renúncia do embaixador venezuelano na Organização dos Estados Americanos (OEA), Roy Chaderton. 

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Em entrevista coletiva, os deputados José Marquina e José Ramón Sánchez acusaram o presidente Nicolás Maduro de “politizar” a demanda venezuelana sobre o Essequibo - região historicamente disputada entre Venezuela e Guiana, na qual, recentemente, um consórcio internacional liderado pela americana Exxon Mobil descobriu petróleo. 

“É preciso nomear uma comissão de especialistas sobre o tema para definir uma verdadeira política de Estado para o Essequibo que transcenda o governo que esteja ocupando o poder”, disse Marquina. “Temos de criar também na Assembleia Nacional uma comissão permanente sobre a questão e aprovar uma Lei de Defesa do Território Nacional para proibir empresas transnacionais de se prestarem aos interesses expansionistas da Guiana.”

Na semana passada, Maduro anunciou que tentaria por vias diplomáticas retomar a região em disputa e pediu o apoio “patriótico” da oposição. Na ocasião, o líder chavista disse que não pretendia brigar com “um país irmão” e acusou a Exxon Mobil de semear a discórdia na região. 

“Maduro esquece que os principais sócios da Exxon Mobil são os chineses da NOOC”, disse Marquina. “Ele se esquece também que o expansionismo guianês foi uma política de Estado do país por muitos anos. Esse desconhecimento comprova sua incompetência nos anos em que foi chanceler.”

Negativa. O governo da Guiana rejeitou ontem aderir à intermediação da ONU sobre a disputa, proposta pela Venezuela no fim de semana. “Indicamos claramente ao secretário-geral que esse processo não parece oferecer nenhuma solução para o futuro”, disse o ministro de Relações Exteriores da Guiana, Carl Greenidge. “Nosso sentimento é o de que esse processo serve apenas de fachada para ameaçar a soberania da Guiana”, declarou.

O governo da Guiana defende que o impasse seja resolvido na Corte Internacional de Justiça. “É a única opção”, acrescentou o chanceler. 

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O território de 160 mil km² equivale a um terço do território guianense e está em disputa desde o século 19. A Venezuela atravessa uma grave crise econômica com a queda no preço do petróleo. / EFE

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