Opositor supera Santos na reta final e eleição colombiana vai para o 2º turno

Candidato do ex-presidente Álvaro Uribe, Óscar Iván Zuluaga consegue atrair eleitorado descrente

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Por Redação
Atualização:

Atualizada às 22h43

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O candidato do ex-presidente Álvaro Uribe à presidência da Colômbia, Óscar Iván Zuluaga, venceu neste domingo, 25, o primeiro turno das eleições e decidirá a disputa no dia 15, contra o presidente Juan Manuel Santos. Zuluaga teve 29,27% dos votos e Santos ficou com 25,61%. Em disputa, estão visões antagônicas sobre o acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e a relação com Venezuela.

Santos e Zuluaga tentam agora atrair eleitores dos candidatos do Partido Conservador, Marta Lucía Ramírez (15,55%), da esquerdista Clara López (15,36%) e do Partido Verde, Enrique Peñalosa (8,35%). A abstenção foi de 61%.

O candidato da coalizão de direita registrou maior apoio no centro do país, enquanto Santos, representante de uma agrupação de centro-direita, venceu na costa e nos Estados de fronteira. O presidente lidera uma coalizão moderada encabeçada pelo Partido de la U (Partido da Unidade, fundado por Uribe em 2005) que tem como mote a paz com a guerrilha.

Mesmo em seus discursos no papel de chefe de Estado, Santos não dispensa a figura de uma pomba branca na lapela associada a sua campanha. Ex-ministro de Defesa de Uribe (2002-2010) encarregado de executar as missões que mataram alguns dos principais líderes das Farc, no poder, Santos adotou a moderação com o grupo armado e em temas de política externa. Durante a campanha, foi criticado por se apresentar como o único capaz de terminar com 50 anos de conflito armado no país.

"Mesmo derrotado no primeiro turno, Santos tem boa chance de virar o jogo no dia 15. Somados, os candidatos ‘a favor da paz’ nos termos da negociação de Havana, Peñalosa e Clara Lopez, dariam a ele a vitória. Além disso, os eleitores da candidata conservadora estão divididos", opina Jaime Duarte, analista político da Universidade Externado de Bogotá.

Zuluaga representa o Centro Democrático, que concentra o ideário mais à direita no espectro político colombiano. O partido foi criado em janeiro de 2013 por Uribe, que, impedido de buscar um terceiro mandato, tentou colocar na nova legenda seu nome - a Justiça proibiu. Ex-ministro da Fazenda de seu mentor, Zuluaga subiu nas pesquisas eleitorais reproduzindo os ataque de Uribe ao presidente, até o ponto de algumas o colocarem em empate técnico com o presidente e darem a ele pequena vantagem em um segundo turno. A ascensão coincidiu com as críticas ao ponto da negociação com as Farc que prevê penas leves para os líderes da guerrilha e sua inserção na política - 75% dos colombianos rejeitam o perdão de guerrilheiros, segundo a Universidad de Los Andes.

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Zuluaga também exige uma trégua incondicional e um cessar-fogo completo das Farc - algo de que Santos abriu mão. O analista político Rodrigo Pardo, chanceler colombiano entre 1994 e 1996, afirma que as exigências sepultariam a negociação, mas acredita que o discurso duro pode ser uma estratégia para atrair os eleitores avessos a qualquer concessão à guerrilha.

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