Padre em uma das regiões com maior concentração de brasileiros nos EUA, Volmar Scaravelli tem orientado seus fiéis a estarem prontos para uma eventual deportação. “É preciso ter um plano B, estar com documentos em ordem e decidir com antecedência questões práticas, como quem terá acesso ao dinheiro que está no banco ou quem venderá o carro, por exemplo.”
Scaravelli é o pároco da Igreja São Tarcísio, que a cada domingo reúne cerca de 1.200 brasileiros em Framingham, nas imediações de Boston. “Existe muito medo na comunidade”, observou. Segundo ele, alguns deixaram de sair de casa há dez dias quando ações de agentes migratórios em diferentes Estados estimularam boatos de que havia uma blitz contra pessoas sem documentos.
No Consulado do Brasil em Houston, no Texas, os pedidos de passaporte aumentaram em 30% desde a posse de Trump, de acordo com o cônsul Roberto Ardenghy. Segundo ele, o passaporte é o único documento de identificação de estrangeiros aceito pelas autoridades do EUA e muitos brasileiros não o renovaram depois do vencimento.
Cerca de 40 mil brasileiros vivem na região de Houston. No Texas, são entre 90 mil e 110 mil. “A situação dos que estão nos EUA de maneira irregular varia e abrange desde os que chegaram há poucas semanas até os que vivem há anos no país e são pais de cidadãos americanos”, disse Ardenghy.