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Para SIP, Maduro usa aparato judicial para silenciar jornalistas

Diretor-executivo da entidade elogiou investigação jornalística internacional ‘Panama Papers’

Atualização:

SANTO DOMINGO - O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, Claudio Paolillo, afirmou ontem, durante a Reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, utiliza o aparato judicial para “acuar, perseguir e silenciar jornalistas críticos e independentes”. Ele fez a declaração durante a reunião que ocorre neste fim de semana em Punta Cana, na República Dominicana. 

Segundo Paolillo, o acesso à informação em alguns países da América Latina e no Caribe ainda é uma verdadeira “odisseia”. Ele lamentou a morte de jornalistas na região e defendeu que esses assassinatos sejam considerados crimes contra a humanidade. 

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, faz discurso anual ao Parlamento do país Foto: REUTERS/Miraflores Palace

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Ele apresentou ontem o relatório da Comissão, segundo o qual nos últimos seis meses, 12 jornalistas foram mortos na região.“Outra vez, México e Brasil lideram a lista macabra com quatro jornalistas assassinados em cada um deles. Além disso, Colômbia, Guatemala, El Salvador e Venezuela têm um morto cada um e, como sempre, a impunidade reina”, declarou ele, segundo a rede de TV venezuelana Globovisión. 

O diretor executivo da SIP, Ricardo Trotti, por sua vez, elogiou a investigação jornalística que resultou no caso Panama Papers, que mostrou como chefes de Estado, criminosos e celebridades ocultam recursos em paraísos fiscais. “A SIP sempre defendeu que haja mais informações, porque o mais importante é a transparência”, disse Trotti, em entrevista à agência EFE. “O importante é que se conheça os documentos, que os acusados deem as explicações sobre as informações que estavam ocultando.” 

Assim como Paolillo, Trotti também falou sobre a Venezuela. Para ele, nesse país, a “censura foi institucionalizada”. Sobre o Equador, o jornalista reiterou as críticas da SIP à Lei Orgânica de Comunicação. Na sua opinião, ela representa uma “censura implacável” por parte do governo aos veículos de imprensa independentes. 

A reunião da SIP, que se encerra amanhã, deverá debater a censura e às restrições ao acesso à informação que ocorrem, principalmente em países como Equador, Nicarágua, Bolívia e Venezuela, apesar de estar em vigor nesses países leis que protegem esse direito. 

Também estará na pauta, segundo ele, a indústria jornalística, a concentração de meios de comunicação na América latina e a transformação digital. No entanto, segundo Trotti, seu foco principal continuará sendo a violência contra jornalistas na região. “A violência contra jornalistas é um tema de grande importância para a SIP”, disse Trotti. / EFE 

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