BAGDÁ - O Parlamento do Iraque votou nesta terça-feira, 12, contra o referendo de independência na região autônoma do Curdistão, previsto para o dia 25, e pediu ao governo que atue para manter a unidade do país. Durante a sessão ordinária, a maioria do Parlamento votou contra o referendo de independência, o que fez com que os deputados curdos se retirassem da votação, disse uma fonte parlamentar.
"A Constituição carece de artigos que deem validade a realizar o referendo de independência do Curdistão. Por isso, o Parlamento votou contra e pediu ao governo que previna a celebração deste referendo que ameaça a segurança" do Iraque, explicou a fonte.
O presidente do Parlamento, Salim Juburi, afirmou que trata-se de manter "a unidade do território e do povo iraquiano". Esta votação "impõe ao primeiro-ministro (Haider Abadi) adotar todas as medidas para proteger a unidade do Iraque e iniciar um diálogo sério" com as autoridades da região autônoma do Curdistão, disse.
Na segunda-feira, o presidente do Curdistão iraquiano, Masud Barzani, assegurou em uma entrevista à emissora britânica "BBC" que está disposto a delinear as fronteiras de um futuro Estado curdo se o Iraque não aceitar um voto pela independência.
Barzani também advertiu que os curdos estão dispostos a lutar contra qualquer grupo que trate de modificar pela força a "realidade" na petroleira cidade de Kirkuk, controlada pelas forças curdas 'peshmerga' desde a debandada do Exército iraquiano perante o avanço do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) em junho de 2014.
A convocação do referendo, embora não vinculante, foi criticada pelos Estados Unidos, vários países europeus e, sobretudo, por Turquia e Irã, que temem um estímulo às demandas separatistas de suas próprias minorias curdas.
O Curdistão iraquiano goza de um estatuto de autonomia desde a década de 1990 que lhe foi reconhecido na Constituição de 2005, na qual o Iraque é definido como um Estado federal.
As autoridades do Curdistão afirmam não ter outra alternativa para garantir os direitos dos curdos, que sofreram uma brutal repressão durante o regime de Saddam Hussein, derrubado em 2003 durante a invasão americana do Iraque.
Os curdos iraquianos estão divididos sobre esta consulta popular. Todos desejam um Estado curdo, mas alguns discordam da data escolhida pelo atual presidente da região autônoma. / EFE e AFP