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Partido governista ordena a Zuma que deixe presidência sul-africana

Alvo de denúncias de corrupção, líder sul-africano perde apoio da cúpula de seu próprio grupo político, que tem poder de mudar o chefe de Estado; no cargo desde 2009, ele não chegará ao fim de seu segundo mandato

Atualização:

PRETÓRIA - A cúpula do Congresso Nacional Africano (CNA) – partido que governa a África do Sul desde o fim do apartheid – determinou nesta terça-feira, 13, ao presidente Jacob Zuma que renuncie ao cargo, a pouco mais de um ano das eleições gerais de 2019. A pressão sobre Zuma, envolvido em diversas denúncias de corrupção, aumentou depois da troca no comando do CNA, agora a cargo de Cyril Ramaphosa, rival de Zuma.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma poderiaenfrentar uma moção de desconfiança ou um processo de impeachment no Parlamento sul-africano se não renunciasse ao cargo Foto: AFP PHOTO / RODGER BOSCH

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O confronto interno do partido, que perdeu a aura heroica do passado em razão de denúncias generalizadas de corrupção, paralisou a África do Sul. Antes blindado pelo CNA apesar das denúncias da oposição, Zuma viu-se isolado após a chegada de Ramaphosa ao cargo.

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O secretário-geral do CNA, Ace Magashule, disse que não há um ultimato para Zuma, mas ele deve responder nesta quarta se deixa ou não o cargo. O presidente havia aceitado renunciar em 3 ou 6 meses, mas a proposta não foi aceita por seus colegas de partido.

Constitucionalmente, Zuma não é obrigado a obedecer. Nesse caso, ele poderia ser destituído por meio de uma moção no Parlamento nos próximos dias. 

Na conferência geral do partido, em dezembro, Ramaphosa, que desde 2014 é o vice-presidente do país, foi eleito para suceder Zuma no comando do CNA. Na ocasião, ele derrotou a ex-mulher de Zuma, Nkosazana Dlamini-Zuma, apoiada pelo presidente na disputa. 

Desde então, Ramaphosa e seus aliados têm pressionado Zuma para entregar o cargo, apesar de seu mandato só acabar em meados de 2019. Na avaliação dessa facção, o novo presidente do CNA deve assumir o comando do país o quanto antes para reconstruir o partido e reconquistar eleitores decepcionados com os frequentes escândalos de corrupção e resultados ruins na economia que marcam a era Zuma.

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Partidos da oposição também pressionam pela saída de Zuma, mas preferem que as eleições do ano que vem sejam antecipadas, em uma aparente tentativa de capitalizar o descontentamento geral com o CNA. A oposição também defende a antecipação da votação de uma nova moção de desconfiança contra Zuma no Parlamento, que está marcada para o dia 22. 

Se Ramaphosa não conseguir concluir as negociações para Zuma renunciar antes dessa votação, o CNA terá duas opções pouco atrativas: votar com a oposição, que reivindicará o crédito por derrubar Zuma, ou defender o presidente e arcar com o prejuízo político dessa escolha. / NYT

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