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Partidos populistas pedem tempo para formar governo na Itália

Para os principais jornais do país, os líderes do M5S e da Liga não conseguiram chegar a um acordo sobre quem será o novo primeiro-ministro

Atualização:

ROMA - O Movimento 5 Estrelas (M5S) solicitou nesta segunda-feira, 14, mais alguns dias para formar um governo de coalizão com outro partido antissistema, a Liga, em razão da falta de consenso sobre os detalhes do programa e seu futuro chefe.

"Pedimos ao presidente da república tempo para acabar o contrato de governo. Esses próximos dias serão fundamentais", declarou o líder do M5E, Luigi Di Maio, à imprensa, ao sair de uma reunião com Sergio Mattarella.

Secretário-geral da Liga Norte, Matteo Salvini, e líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio. Foto: AFP PHOTO / Alberto PIZZOLI AND Filippo MONTEFORTE

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"Como estamos escrevendo o que será o programa de governo para os próximos cinco anos, é importante para nós terminá-lo bem e, por isso, pedimos mais uns dias", declarou Di Maio.

A síntese não é fácil entre a Liga, formação nacionalista e de extrema direita, que obteve muitos votos no Norte com a promessa de maciças reduções de impostos, e o M5S, mais ambivalente sobre a União Europeia (UE) e apoiado pelo Sul por ter prometido uma renda cidadã.

Após intensas negociações em Milão (norte), os chefes e colaboradores de ambos os movimentos anunciaram ter chegado a um acordo no domingo à noite. Dúvidas persistem, porém, em particular sobre quem será o futuro chefe de governo. 

​​Matteo Salvini, o dirigente xenófobo que transformou a Liga em uma força nacionalista, assegurou por sua vez que o M5S e seu partido ainda precisam acertar alguns pontos importantes antes de concluir um acordo de governo.

Ele falou de "visões distintas em alguns pontos importantes como as infraestruturas" e em temas como a imigração e a UE. Já o nome do candidato a primeiro-ministro é mantido em sigilo.

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Di Maio explicou à imprensa que havia combinado com Salvini não mencionar nenhum nome antes de discutir com o presidente, que deve aprovar e designar o primeiro-ministro.

Ele reiterou, no entanto, que o "contrato de governo" seria submetido ao voto pela internet dos militantes do M5S, segundo um procedimento clássico desse movimento que nasceu em 2009.

Para os principais jornais do país, La Repubblica e Il Corriere della Sera, bastante críticos a respeito das duas forças, os dois líderes não conseguiram chegar a um acordo sobre a questão, já que desejam uma personalidade "política e não técnica", como afirmou Di Maio no domingo, após várias horas de negociações em Milão com Salvini e os principais assessores dos dois partidos. 

A imprensa citou vários nomes, incluindo algumas personalidades que poderiam defender na União Europeia (UE) o tom eurocético do futuro Executivo. 

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Na lista aparecem os nomes do economista Guido Tabellini, da diplomata Elisabetta Belloni, do professor Michele Geraci, do ex-diplomata Giampiero Massolo, do reitor da Universidade de Milão e do parlamentar do M5S Gianluca Vago, todos relativamente desconhecidos.

O acordo para o novo governo é uma complexa síntese entre a extrema direita e xenófoba Liga, partido nacionalista ligado à Frente Nacional francesa, que conquistou o próspero e desenvolvido norte com a promessa de grandes cortes de impostos, e o partido antissistema M5S, sensível aos problemas sociais do sul pobre da península, que prometeu um salário cidadão e tem discurso ambivalente a respeito da União Europeia. / AFP

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