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Passageira de 83 anos vence processo por discriminação contra companhia aérea israelense

Renee Rabinovitch, sobrevivente do Holocausto, decidiu processar a El-Al após comissária pedir que mudasse de assento a pedido de judeu ultraortodoxo

Atualização:

Uma passageira de 83 anos venceu ontem um processo contra a companhia aérea de Israel, a El-Al. Em dezembro de 2015, ela teve de trocar de assento em um voo da empresa a pedido de um passageiro judeu ultraortodoxo que rejeitava sentar a seu lado por ela ser mulher. O caso ocorreu em um voo da El-Al que ia de Nova York a Tel-Aviv. 

“É a primeira vez que um processo desse tipo é aberto em Israel, uma vez que incidentes similares já ocorreram em voos da companhia”, afirmou Anat Hoffman, presidente do Centro de Ação Religiosa de Israel (Irac).

Renee Rabinovitch teve de mudar de assentoi em voo da El-Al, pois judeu ultraortodoxo não quis que ela sentasse ao seu lado Foto: Uriel Sinai/The New York Times

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A Irac, uma associação que defende o judaísmo reformado em Israel, constituiu a parte civil no processo e representou a passageira, Renee Rabinovitch, uma sobrevivente do Holocausto. A ação promovida pela Irac é parte de uma ampla batalha entre os direitos das mulheres e o pluralismo religioso em Israel contra os religiosos radicais que rejeitam sentar-se ao lado de mulheres em ônibus ou aviões.

Renee Rabinovitch – cuja família fugiu da ocupação nazista na Bélgica, em 1941, e viveu em Nova York, nos EUA – aceitou e trocou de lugar, mas apresentou queixa por discriminação contra a companhia aérea israelense. Os judeus ortodoxos praticam regras muito rígidas de separação entre homens e mulheres.

“Para mim, isso não foi pessoal”, declarou Rabinowitch ao jornal The New York Times. “Isso é intelectual, ideológico e legal. Pensei comigo mesma, aqui estou eu, uma mulher idosa, educada, que esteve em várias partes do mundo, e um rapaz agora vem decidir que eu não posso sentar ao lado dele? Por quê?”, questionou a idosa, que agora vive em Jerusalém.

Um tribunal israelense decidiu que “de nenhuma forma um membro da tripulação pode pedir a um passageiro, em razão de seu sexo, que troque de assento em um avião, pois isso constitui uma violação da lei que proíbe a discriminação”.

De acordo com o veredicto de ontem, a El-Al terá de realizar uma campanha educativa entre seus funcionários sobre o tema. A companhia aérea israelense também pagará uma pequena indenização (US$ 1.800). Renee, no entanto, afirma que o processo judicial não foi movido por dinheiro, mas sim para fazer a El-Al mudar sua política. E é exatamente isso que a companhia aérea será obrigada a fazer. 

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