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Pelo menos quatro pessoas morrem em protestos em Bangladesh

Dois homens numa motocicleta abriram fogo contra um grupo de manifestantes contrários ao governo no noroeste do país

Atualização:

Confrontos entre a polícia e ativistas de oposição, além de um ataque separado por um atirador não identificado deixaram pelo menos quatro mortos em Bangladesh. Dois homens numa motocicleta abriram fogo contra um grupo de ativistas contrários ao governo no noroeste do país nesta segunda-feira, matando duas pessoas. O crime aconteceu em meio à elevação das tensões no aniversário das eleições gerais que foram boicotadas pela principal aliança opositora no ano passado. Os disparos aconteceram no distrito de Natore, 160 quilômetros a noroeste da capital, Daca, que está praticamente isolada do restante do país desde domingo, afirmou Aminul Haque, líder local do Partido Nacionalista de Bangladesh. A polícia não havia confirmado as identidades dos mortos, mas Haque disse que eram ativistas da ala estudantil do partido. As identidades dos dois homens que estavam na motocicleta ainda eram desconhecidas. Separadamente, a polícia e ativistas do partido do governo entraram em confronto com ativistas de oposição nos distritos de Rajshahi e Chapainawabganj, ambos no noroeste do país. Duas pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas, incluindo policias, de acordo com a polícia. Em ambos os casos, a polícia abriu fogo e usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar manifestantes que tentaram marchar e atiravam pedras. Atos similares de violência foram relatados no distrito de Chittagong, no nordeste, onde a oposição disse que pelo menos 300 manifestantes foram detidos. As eleições de 5 de janeiro do ano passado foram boicotadas pela principal aliança opositora, liderada pela ex-primeira-ministra Khaleda Zia. As tensões se intensificaram recentemente, depois de o partido da primeira-ministra Sheikh Hasina, a Liga Awami, ter afirmado que realizaria manifestações para celebrar o aniversário enquanto Zia, sua inimiga, anunciou que protestos contra o governo seriam realizados. Falando aos ativistas da ala estudantil do partido no domingo, Hasina criticou Zia, dizendo que foi um erro não participar do pleito do ano passado e a acusou de desestabilizar o país. O partido de Zia boicotou as eleições parlamentares porque afirmou que elas seriam fraudadas. No domingo, a polícia proibiu a realização de qualquer manifestação em Daca e impediu Zia de deixar seu escritório, enquanto dezenas de ativistas da oposição foram detidos em todo o país. A polícia disse que isolou o escritório de Zia em Daca como parte da intensificação das medidas de segurança. A polícia ergueu barreiras de arame farpado e estacionou caminhões cheios de areia em locais de acesso à casa de Zia. Além disso, um grande contingente de oficiais de segurança cercavam a área nesta segunda-feira. Um auxiliar de Zia disse aos jornalistas que a ex-primeira-ministra vai desafiar a proibição e pediu a seus partidários que realizem manifestações. "Ela vai tentar sair do escritório mais tarde para se juntar ao ato", disse Maruf Kamal Khan. No domingo, a polícia entrou em confronto com partidários da oposição em várias partes do país, o que deixou dezenas de feridos, informaram as emissoras de televisão ATN Bangla e Canal 24. Na noite de domingo, Daca estava isolada do restante do país. Ônibus e balsas com destino à capital deixaram de funcionar por causa dos temores de atos violentos. Zia pediu novamente para que Hasina renuncie e convoque novas eleições, mas os líderes do partido do governo rejeitaram a exigência, dizendo que as próximas eleições não serão realizadas antes de 2019, quando termina o mandato de cinco anos do atual governo. A Comissão Eleitoral realizou o pleito do ano passado depois de as duas principais alianças políticas, lideradas por Hasin e Zia, não terem chegado a um acordo para a indicação de um governo interino para supervisionar as eleições. Antes das eleições, o caos país reinou no país durante um ano. Ativistas de oposição realizaram uma série de ataques, greves e bloqueio dos transportes que resultaram na morte de cerca de 300 pessoas em 2013. Zia ocupou o cargo de primeira-ministra entre 2001 e 2006, mas não conseguiu entregar o poder de forma pacífica. Um governo militar interino governou o país por dois anos antes de Hasina chegar ao poder numa vitória por grande maioria de votos em 2008. / AP

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