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Peru pede aos EUA extradição do ex-presidente Toledo

Ex-chefe de Estado, que atualmente vive em território americano, é acusado de ter recebido um suborno de US$ 20 milhões da Odebrecht

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Por Redação
Atualização:

LIMA - A Corte Suprema do Peru aprovou nesta terça-feira o envio aos EUA do pedido de extradição do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), acusado de ter recebido um suborno de US$ 20 milhões da Odebrecht, em um escândalo que envolve outros dois ex-presidentes peruanos.

A solicitação foi aprovada pelos cinco juízes do tribunal peruano. Agora, o pedido será enviado ao Conselho de Ministros antes de ser remetido às autoridades americanas, em um processo que pode demorar até quatro semanas.

Ex-presidente peruano Alejandro Toledo mora atualmente nos EUA Foto: REUTERS/Enrique Castro-Mendivil

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Toledo, de 71 anos, é acusado de “tráfico de influência, conluio e lavagem de ativos”, pelo suborno de US$ 20 milhões que a Odebrecht disse ter entregado a ele em troca da licitação de uma rodovia na Amazônia, que liga o Peru ao Brasil. Toledo inaugurou a estrada, em 2006, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva.

O escândalo também afeta dois ex-presidentes peruanos – Ollanta Humala e Alan García – e o atual chefe de Estado, Pedro Pablo Kuczynski, que foi primeiro-ministro e ministro da Economia de Alejandro Toledo.

Antes da decisão, um dos advogados de Toledo, Heriberto Benítez, tinha dito que seu cliente era "vítima de uma perseguição política" dirigida por Kuczynski.

"Houve intromissões do governo, parece-me que eles já estão decididos a favor da extradição", disse Benítez à AFP.

Há uma semana, o promotor Abel Salazar havia instado o Tribunal a "declarar procedente a extradição do sr. Alejandro Toledo Manrique", pois há "uma série de elementos de apoio" que justificam esse pedido.

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Toledo, de origem indígena e formado em economia nos Estados Unidos, levantou as bandeiras da luta contra a corrupção e os direitos Humanos durante o seu governo.

O ex-presidente ganhou destaque em 2000 quando liderou os protestos contra o autocrata Alberto Fujimori (1990-2000).

O juiz que ordenou o pedido de extradição também manteve a detenção preventiva do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016) pela suposto recebimento de US$ 3 milhões da Odebrecht para sua campanha eleitoral.

A empresa brasileira, que optou por cooperar com a justiça, revelou que pagou US$ 29 milhões em propinas no Peru entre 2005 e 2014 ao longo de três governos.

+ Delação de marqueteiro petista cita US$ 700 mil da Odebrecht para campanha de ex-presidente do Peru

Um tribunal peruano ordenou, em fevereiro, o congelamento das contas bancárias de Toledo no Peru. Um funcionário da Odebrecht indicou que Toledo também recebeu US$ 700.000 para sua campanha de 2011. Seu advogado nega.

Ele também confessou que a construtora deu contribuições de campanha em 2006 para Alan García (2006-2011) e em 2011 para Kuczynski e para a líder da oposição, Keiko Fujimori. Todos negam. / AFP

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