Polícia afirma que autor de massacre em Dallas planejava um ataque maior
Policiais fizeram inspeções na casa de Micah Xavier Johnson e encontraram materiais para fabricação de bombas que poderiam causar ‘efeitos devastadores’ na cidade
Por Redação
Atualização:
DALLAS, EUA - O franco-atirador que matou cinco policiais na semana passada durante um protesto em Dallas contra os abusos sofridos por negros em abordagens policiais planejava realizar ataques maiores, informou neste domingo, 10, o chefe de polícia local ao divulgar novos detalhes da investigação a partir do material encontrado na casa do veterano da guerra no Afeganistão.
Segundo David Brown, Micah Xavier Jonhson, negro, de 25 anos, possuía em sua casa materiais para a fabricação de bombas e vinha praticando como realizar explosões. “A quantidade de explosivos que ele tinha era capaz de causar efeitos devastadores em toda a nossa cidade (Dallas) e na área norte do Texas. Estamos convencidos de que este suspeito tinha outros planos e pensou que o que estava fazendo era certo”, afirmou o chefe de polícia.
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Enquanto negociava com os policiais, Johnson cantava e ria, e antes de ser morto por uma bomba remota escreveu mensagens com o próprio sangue na parede, disse Brown. “Ele queria nos fazer pagar pelo que via como abuso de autoridade para punir pessoas negras”, acrescentou o policial, citando os casos dos dois homens negros mortos dias antes em Louisiana e Minnesota.
As cenas de violência durante o ataque de Johnson no Texas provocaram o temor de um novo e difícil capítulo nas relações raciais nos Estados Unidos. Durante a noite de sábado, novos protestos ocorreram em diversas cidades do país com o lema “o fim da semana da raiva”.
O grupo “Black Lives Matter” liderou alguns desses protestos e fez questão de se distanciar do caso de Johnson em Dallas, lembrando que a razão de existir do grupo é “reduzir a violência, não escalá-la”.
5 fatos sobre ação de atirador em Dallas
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5 fatos sobre ação de atirador em Dallas
Atirador foi identificado como Micah Xavier Johnson, de 25 anos. Segundo imprensa local, ele vivia na cidade de Mesquite, a cerca de 20 quilômetros de... Foto: Reprodução/FacebookMais
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Na página que Johnson mantinha no Facebook, ele havia publicado em maio uma imagem do movimento “Black Power” e deixava como foto de destaque a bandei... Foto: Reprodução/FacebookMais
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O oficial David Brown disse que as buscas e as investigações continuam para ter certeza de que todos os culpados serão pegos. Policiais ainda tentar d... Foto: Reprodução/FacebookMais
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Segundo um oficial do Departamento de Defesa, Johnson serviu ao Exército americano em missões no Afeganistão entre novembro de 2013 e julho de 2014. E... Foto: Reprodução/FacebookMais
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A ação de Johnson aconteceu durante um protesto pacífico em resposta à morte de dois homens negros por policiais durante a semana. Alton Sterling foi ... Foto: Reprodução/FacebookMais
Cerca de 200 pessoas foram detidas e cinco policiais tiveram ferimentos leves nos protestos. A maior tensão aconteceu em Saint Paul, em Minnesota, onde um conflito entre polícia e manifestantes bloqueou rodovias e terminou com 50 detidos. A polícia usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar a concentração, e informou que pelo menos cinco policiais ficaram levemente feridos por fogos de artifício, pedras e garrafas arremessados por manifestantes.
Um famoso ativista do movimento “Black Lives Matter”, DeRay McKesson filmou a própria detenção no sábado à noite em Baton Rouge, Louisiana, quando transmitia a passeata ao vivo pelo Periscope. “A polícia nos provocou durante toda a noite. Nós não bloqueamos a rua ou qualquer outra coisa”, afirma ele no vídeo.
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Em seguida, a imagem é interrompida e é possível ouvir: “Polícia da cidade. Você está preso, não resista”. Outro ativista pega o celular e retoma o vídeo ao questionar o policial sobre o motivo da detenção de McKesson, acusado de bloquear a passagem. Ele foi libertado após passar a noite na prisão.
Em Dallas, equipes táticas da Swat foram enviadas ao QG da polícia após uma ameaça e buscas foram feitas no estacionamento do local, mas nada foi encontrado e o alerta foi suspenso duas horas depois.
Centenas de pessoas voltaram a se reunir em Nova York no sábado, pela terceira noite consecutiva, para repudiar a violência policial contra os negros e recordar Alton Sterling e Philando Castile, os dois homens mortos por policiais em Louisiana e em Minnesota.
Onda de protestos nos EUA pede fim da violência policial contra negros
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Manifestante segura cartaz com a inscrição "Vidas dos negros importam" na frente do Capitólio dos EUA, em Washington, em protesto contra a morte deAlt... Foto: AP Photo/Paul HolstonMais
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Dezenas de pessoas protestam na frente da Casa Branca, na tarde de quinta-feira, contra recentes casos de violência policial que deixaram dois negros ... Foto: AP Photo/Paul HolstonMais
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Em Nova York, muitas pessoas também foram às ruas para pedirem justiça; depois de se reunirem naUnion Square, centenas de pessoas marcharam pelo centr... Foto: Christopher Lee/The New York TimesMais
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Com cartazes pedindo o fim do racismo e julgamento dos policiais que mataramAlton Sterling e Philando Castile centenas de pessoas protestam nos arredo... Foto: REUTERS/Eduardo MunozMais
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Manifestantes gritam palavras de ordem contra a polícia em Nova York durante marcha após dois casem razão da morte deAlton Sterling e Philando Castile... Foto: REUTERS/Eduardo MunozMais
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Em chicago, manifestantes pediram justiça e prisão dos policiais envolvidos na morte deAlton Sterling; o protesto foi realizado na frente da delegacia... Foto: AFPMais
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Divulgação pelo polícia de Baton Rougedo vídeo que mostra a morte de Alton Sterling e após a namorada de Philando Castile transmitir ao vivo pelo Face... Foto: AFPMais
Manifestantes protestam em Baton Rouge após policiais brancos matarem um homem negro
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos vai liderar uma investigação sobre a morte de um homem negro por policiais brancos em Baton Rouge,Louisia... Foto: Mark Wallheiser/Getty Images/AFPMais
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Segundo autoridades,Alton Sterling, de 37 anos, foi alvejado e morto durante uma discussão com dois policiais brancos. Na imagem, manifestante segura ... Foto: AP Photo/Gerald HerbertMais
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O incidenteocorreuapós protestos generalizados nos EUA contra o uso da força letalda polícia contra minorias em cidades como Ferguson, Missouri, Balti... Foto: Mark Wallheiser/Getty ImagesMais
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Investigação da morte de Sterling contará com participação daDivisão de Direitos Civis do Departamento de Justiça, do FBI e da Procuradoria-Geral Foto: AP Photo/Gerald Herbert
Manifestantes protestam em Baton Rouge após policiais brancos matarem um homem negro
Manifestantes bloqueiam trânsito próximo ao local onde o rapaz foi morto Foto: Mark Wallheiser/Getty Images/AFP
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Os dois policiais brancos foram identificados como Blane Salamoni e Howie Lake, que foram colocados em licença administrativa, segundo o chefe de polí... Foto: Mark Wallheiser/Getty Images/AFPMais
Em Phoenix, Arizona, a polícia dispersou os manifestantes que atiravam pedras. E em Rochester, Nova York, 74 pessoas foram detidas.
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Movimentação. O presidente Barack Obama afirmou que os EUA devem superar o momento e rejeitou comparações com a situação do país nos anos 1960, marcado pela agitação social e o racismo. Obama, que encurtou a viagem pela Espanha e visitará Dallas na terça-feira, descreveu Johnson como um “lobo solitário” que não representa os afro-americanos. “Os EUA não estão tão divididos como alguns sugerem”, disse após uma reunião da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O presidente alertou que ataques contra policiais por viés racista prejudicam o movimento “Black Lives Matter”. Segundo ele, apesar de a maioria dos ativistas querer uma relação melhor entre as comunidades e policiais, violência e críticas exageradas contra a polícia ferem a ideologia do grupo.
“Quero dizer a todos os que estão preocupados com um viés racista no sistema criminal de justiça que manter um tom sincero e respeitoso ajudará a mobilizar a sociedade para realizar a verdadeira mudança”, disse Obama. Em visita a Dallas, ele fará um discurso em homenagem aos policiais mortos na semana passada. /AFP, EFE e NYT