Polícia de Hong Kong prende dois líderes estudantis em protestos

Tropa de choque avançou contra manifestantes pró-democracia para desfazer barricadas e limpar locais das manifestações

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Por Redação
Atualização:
Os líderes estudantis presos pela polícia de Hong Kong, Joshua Wong (esquerda) e Lester Shum (direita) com um manifestante durante protesto em Mongkok. Foto: Reuters

HONG KONG - A polícia de Hong Kong retirou ativistas de um dos principais locais de manifestação na cidade nesta quarta-feira, 26, e prendeu Joshua Wong e Lester Shum, dois líderes do movimento estudantil responsável pelas manifestações pró-democracia que abalaram o centro financeiro asiático.

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Wong, de 18 anos, é líder do grupo Scholarism, e Shum é vice-secretário-geral da Federação de Estudantes de Hong Kong.

Houve confrontos quando a tropa de choque avançou contra centenas de manifestantes na Nathan Road, no bairro de Mong Kok, após conflitos durante a madrugada, disseram testemunhas. Esse foi o segundo dia de operações de limpeza dos três locais de protesto. A polícia removeu rapidamente as barricadas de metal, barracas e outros objetos.

"Vocês não podem derrotar os corações dos manifestantes", gritou Liu Yuk-lin, uma manifestante de 52 anos segurando um guarda-chuvas, símbolo do movimento, ao fincar posição diante de policiais com capacetes e aparato de proteção.

O porta-voz da Polícia Steve Hui disse que 148 pessoas foram detidas, sendo 55 por desrespeito a uma ordem judicial ou por obstruir o trabalho de oficiais que levavam a ordem do tribunal para a retirada do acampamento.

Não houve incidentes graves de violência, no entanto, e após cerca de três horas a operação foi concluída e o tráfico passou a fluir normalmente na área onde manifestantes estavam acampados desde setembro em protesto pedindo mais democracia na ex-colônia britânica, atualmente sob controle da China.

Mong Kok era um ponto principal de confrontos entre estudantes e policiais que tentavam romper os protestos, um dos maiores desafios para os líderes do Partido Comunista da China desde a repressão às manifestações pró-democracia lideradas por estudantes em Pequim em 1989.

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Mais de 100 mil pessoas foram às ruas no auge das manifestações em Hong Kong, mas esse número caiu nas últimas semanas.

A detenção dos líderes estudantis pode revigorar o movimento de protesto, que tem perdido fôlego com a estratégia do governo local de, aparentemente, esperar que os manifestantes desistam.

"Após a operação de limpeza, não temos um líder", disse o manifestante Ken Lee, 19 anos, que deixou seu emprego num restaurante em outubro após o início dos protestos e vinha passando seus dias em Mong Kok. "Precisamos esperar até hoje à noite. Tudo depende do que acontecer nesta noite. Se a maioria das pessoas vai reocupar a área ou ir para outro lugar."

Em agosto, Pequim ofereceu ao povo de Hong Kong a chance de votar em seu próprio líder em 2017, mas disse que apenas dois ou três candidatos poderiam concorrer depois de obterem aprovação de um comitê de nomeação formado principalmente por apoiadores do regime de Pequim. Os manifestantes exigem que os candidatos sejam livres para disputar as eleições. /AP e REUTERS

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