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Polícia do Canadá faz prisões e apreende veículos durante protestos contra medidas anticovid

No último domingo, o prefeito de Ottawa declarou estado de emergência, permitindo que a polícia respondesse com mais força aos protestos do chamado 'Comboio da Liberdade'

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Por Redação
Atualização:

OTTAWA - A polícia do Canadá está reprimindo as manifestações antivacinas do “Comboio da Liberdade” na capital Ottawa, fazendo várias prisões, emitindo centenas de multas e apreendendo veículos e combustível após o prefeito declarar estado de emergência.

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A declaração de emergência foi projetada para dar aos policiais mais flexibilidade para responder às centenas e às vezes milhares de caminhoneiros e seus apoiadores que estão reunidos nas ruas para protestas contra as medidas de contenção do coronavírus, disse o prefeito Jim Watson no último domingo, 6. Segundo ele, a declaração reflete o “grave perigo e ameaça à segurança e proteção dos moradores”.

Fogos de artifício foram disparados, motoristas buzinaram e as ruas permaneceram bloqueadas pelo segundo fim de semana consecutivo, e Watson admitiu no domingo que as autoridades estavam “em menor número” e “perdendo esta batalha”.

Caminhões do "Comboio da Liberdade" bloqueam as ruas do centro de Ottawa em um protesto contra as medidas de contenção da covid-19 Foto: David Kawai/Bloomberg via W.Post

O Serviço de Polícia de Ottawa disse em comunicado que abriu mais de 60 investigações criminais em meio aos protestos, incluindo roubos, crimes de ódio e danos à propriedade. Pelo menos sete prisões foram feitas até a noite de domingo, ligadas a danos materiais e outros atos de “prejuízo”, disse a polícia. “Vários veículos e combustível foram apreendidos”, disse o comunicado.

Entre as mais de 500 multas emitidas neste fim de semana estavam avisos de “buzina excessiva” e violação do uso de cinto de segurança. Na manhã de domingo, a polícia disse que os policiais emitiram mais de 450 multas desde o dia anterior, inclusive para caminhões sem seguro e placas obstruídas. Outras 100 multas foram anunciadas no domingo à noite, inclusive para pessoas que estavam dirigindo na contramão.

O "Comboio da Liberdade", composto em grande parte por caminhoneiros, começou como um movimento contra a exigência de vacina para motoristas que cruzassem a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos. Mas desde então evoluiu para uma mobilização contra as medidas restritivas do primeiro-ministro Justin Trudeau para combater a pandemia.

O centro de Ottawa, sede do parlamento, banco central e edifícios do governo canadense, incluindo o escritório de Trudeau, está em grande parte em confinamento depois que os caminhoneiros ocuparam as ruas. Uma ação coletiva busca uma liminar para silenciar os constantes buzinaços dos caminhoneiros. A audiência ocorrerá nesta segunda-feira, 7.

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Na noite de domingo, a polícia começou a remover suprimentos de gás e combustível em um acampamento logístico montado por manifestantes. Uma cadeia de suprimentos bem organizada - incluindo saunas portáteis, cozinha comunitária e castelos infláveis ​​para crianças - tem sustentado os manifestantes. O acampamento dependeu em parte do financiamento de simpatizantes nos Estados Unidos, disse a polícia.

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e o CEO da Tesla, Elon Musk, elogiaram os caminhoneiros.

O governo canadense se recusou a recuar na questão. Trudeau, que está se isolando após testar positivo para covid-19, descartou usar os militares para dissolver o protesto. Trudeau e sua família deixaram sua residência no centro da cidade quando os caminhoneiros começaram a chegar em Ottawa. Sua localização não foi divulgada devido a questões de segurança.

No fim de semana, os protestos se espalharam por outras grandes cidades canadenses, incluindo a capital financeira Toronto, e foram recebidos com contra-manifestações. Os protestos, inclusive em Ottawa, foram em grande parte pacíficos.

Os canadenses seguiram amplamente as medidas de saúde do governo e quase 79% da população elegível tomou a dose dupla da vacina. Mas pesquisas recentes mostraram que as frustrações contra as restrições estão crescendo./ REUTERS E W.POST

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