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Policiais são condenados por não defenderem mulher linchada no Afeganistão

Acusada falsamente de queimar o Alcorão, vítima foi morta após ser atacada por dezenas de homens; outras 4 pessoas foram condenadas à morte pelo mesmo caso no começo do mês

Atualização:

CABUL - Um tribunal do Afeganistão condenou nesta terça-feira, 19, 11 policiais a um ano de prisão por negligência no caso do linchamento de uma mulher que supostamente tinha queimado um exemplar do Alcorão em março, na capital Cabul. Outros oito agentes foram absolvidos.

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Em uma sessão aberta que foi retransmitida por emissoras locais de televisão, o juiz Safiullah Mujadidi sentenciou os 11 agentes à prisão por não terem protegido a vítima e absolveu os outros oito acusados por falta de provas. Os condenados poderão recorrer da decisão do juiz em uma instância superior.

A vítima foi linchada e teve seu corpo queimado e jogado no rio Cabul por uma multidão no dia 19 de março, depois de ser acusada de atear fogo em um exemplar do Alcorão perto do santuário de Shah-Do-Shamshira, no centro da capital afegã. Investigações posteriores concluíram que a jovem tinha sido vítima do "obscurantismo" dos fabricantes de talismãs (uma figura mística no país) do santuário, que incitaram as pessoas a lincharem a mulher porque ela os tinha denunciado.

No início de maio, quatro pessoas foram condenadas à morte pelo linchamento, entre elas um dos guardas do santuário, enquanto outras oito receberam penas de 16 anos de prisão e 18 foram absolvidas das acusações.

O linchamento provocou uma onda de protestos, sobretudo de grupos de mulheres, que foram as responsáveis por carregar o caixão da jovem no funeral, algo pouco comum em um país islâmico como o Afeganistão.

Diante da pressão social, o presidente afegão, Ashraf Ghani, constituiu uma comissão de investigação integrada por líderes religiosos, parlamentares e ativistas pelos direitos da mulher para averiguar os detalhes do incidente que foi condenado pelas Nações Unidas e organizações civis.

Depois que a comissão concluiu que os fabricantes de talismãs incitaram o linchamento, o Executivo proibiu as atividades desses grupos "obscurantistas" em todo o país. / EFE

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