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Pré-candidata Bachmann desiste de primárias e estreita páreo republicano

Postulante ligada ao Tea Party ficou em último no caucus de Iowa; Romney venceu, mas ainda tem a tarefa de convencer conservadores.

Por BBC Brasil
Atualização:

A pré-candidata Michele Bachmann anunciou nesta quarta-feira sua desistência de concorrer à indicação do Partido Republicano na disputa pela Presidência dos EUA, após ter ficado em último lugar na preferência dos eleitores que participaram do caucus de Iowa. Bachmann é a primeira baixa entre os sete pré-candidatos republicanos desde o início das prévias eleitorais do partido, que começaram nesta terça-feira com a votação em Iowa. Ligada ao grupo radical Tea Party e congressista por Minnesota, Bachmann era uma das mais conservadoras entre os pré-candidatos republicanos, fazendo forte oposição ao aborto e ao casamento homossexual. "Na noite passada (terça-feira), o povo de Iowa falou com uma voz clara, então decidi me afastar (das prévias republicanas)", declarou Bachmann em coletiva na tarde desta quarta. As prévias do Estado foram vencidas pelo ex-governador Mitt Romney, com uma pequena vantagem - oito votos - sobre o segundo colocado, o ex-senador Rick Santorum. Mas o caucus de Iowa é apenas a primeira etapa de uma longa corrida, cujo objetivo é determinar qual candidato republicano vai enfrentar o presidente Barack Obama (que não enfrenta a concorrência de nenhum candidato viável dentro de seu partido, o Democrata) nas eleições presidenciais de 6 de novembro. Longo processo As assembleias celebradas nesta terça-feira em Iowa marcam o início de um processo pré-eleitoral que seguirá até que um dos agora seis pré-candidatos do Partido Republicano obtenha o maior número de votos por parte dos delegados da agremiação. O escolhido será anunciado em uma convenção republicana em agosto. Até lá, muito pode mudar. Nas primárias de 2008, por exemplo, John McCain ficou em quarto lugar em Iowa, mas acabou se tornando o candidato republicano. Para Dennis Golford, professor da Universidade Drake em Des Moines e autor de um livro sobre o caucus, a importância das prévias de Iowa é revelar os pontos fortes e fracos dos postulantes. "Em vez de definir um vencedor, essas assembleias partidárias identificam os (candidatos) mais frágeis e quem têm menos possibilidade de ganhar a nomeação. Se você se sai mal em Iowa, pode ter dificuldade em arrecadar fundos de campanha, que são a gasolina da disputa. Sem isso, é impossível chegar muito longe", disse Golford à BBC. Ele também ressalva que o caucus de Iowa tem um aspecto muito mais informal do que as primárias realizadas em outros Estados dos EUA e representa a opinião de um número reduzido de pessoas. Ao mesmo tempo, é relevante porque serve de termômetro, aponta tendências observadas de perto pelo resto do país e indica o comportamento de eleitores que são, em sua maioria, conservadores. Vitória sem contundência Para Mark Mardell, editor de América do Norte da BBC News, o resultado de Iowa foi bom para Romney, mas a vitória por uma margem estreita evidencia uma fraqueza do pré-candidato: ele não consegue se distanciar dos demais aspirantes à vaga republicana. "Há profunda incerteza quanto a ele entre os eleitores mais conservadores e uma completa falta de entusiasmo (por sua campanha). O que acontecerá se ele não conseguir uma vitória contundente?", questiona Mardell. Uma análise do jornal americano The New York Times aponta que a proximidade de três pré-candidatos - Romney, Santorum e o congressista texano Ron Paul - nas pesquisas de intenção de voto evidencia um dos principais desafios dos republicanos: unir o partido. "As profundas divisões ideológicas entre os republicanos continuam a complicar sua habilidade em focar na vitória sobre Obama e a impedir os esforços de Romney por obter um consenso", escreveu Jim Rutenberg no jornal norte-americano. "Romney pode ter mais dinheiro, mais organização e mais intenções de voto (do que os demais pré-candidatos), mas ainda não conseguiu convencer os conservadores tradicionais em uma eleição na qual muitos direitistas esperam não apenas derrotar Obama, mas mudar permanentemente os valores e o rumo dos EUA." Superterça O próximo passo da disputa são as prévias de 10 de janeiro no Estado de New Hampshire, "que têm o poder de realmente friccionar uma campanha presidencial", nas palavras do jornal britânico The Guardian. "Foi lá que, em 2008, John McCain derrotou Mitt Romney e começou a emergir como o nomeado (do Partido Republicano)." Depois disso, outro grande evento do calendário pré-eleitoral é a chamada Superterça, neste ano marcada para 6 de março, data em que dez Estados realizarão simultaneamente suas prévias republicanas. As prévias continuam até o final de junho. Só depois dessa jornada é que será decidido o candidato com o maior número de delegados, que será nomeado oficialmente no final de agosto na Convenção Nacional dos republicanos, a ser celebrada na Flórida. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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